"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

outubro 20, 2010

FAZENDA ELEVA PREVISÃO DE DÉFICIT EXTERNO.

Por causa do processo de valorização do real, o Ministério da Fazenda elevou suas projeções para o déficit em conta corrente do balanço de pagamentos neste e no próximo ano, segundo informou uma fonte ao "Estado".

Os novos números dessa conta que registra todas as operações de comércio exterior, serviços e rendas do Brasil com o exterior serão divulgados ainda nesta semana pela Fazenda no boletim Economia Brasileira em Perspectiva, documento que o ministério produz sobre a evolução dos principais indicadores macroeconômicos e com projeções para a economia.

Para este ano, a nova projeção de saldo negativo na conta corrente é de US$ 49,5 bilhões, equivalente a 2,49% do Produto Interno Bruto (PIB).

Antes, a Fazenda projetava déficit de US$ 45,9 bilhões (2,3% do PIB).

Para 2011, a nova previsão é de saldo negativo de US$ 58,8 bilhões, ou 2,73% do PIB. No boletim anterior, a estimativa era de US$ 56 bilhões de déficit, ou 2,6% do PIB.

A trajetória de rápida piora nas contas externas do País desde meados do ano passado tem causado preocupações na equipe econômica.

Afinal, o agravamento do déficit externo significa que a indústria nacional não está conseguindo atender os consumires brasileiros e pode estar perdendo espaço para seus competidores estrangeiros.

Além disso, com a constante e rápida deterioração das contas externas, o risco de uma crise cambial no futuro aumenta, o que, se ocorrer, pode provocar, entre outros problemas, uma alta da inflação.

Diferencial.

Para o Ministério da Fazenda, o movimento da conta corrente reflete não só um crescimento mais forte da economia brasileira em comparação com os países desenvolvidos (que gera mais importações do que exportações), mas também o câmbio sobrevalorizado, que estimula não só a compra de bens importados, mas também remessas de lucros e viagens ao exterior.

Essa avaliação explica por que o governo está com uma postura bem mais agressiva no câmbio, adotando medidas para conter a valorização do real.

Para o Banco Central, por sua vez, o diferencial de crescimento econômico é o principal elemento que explica o crescente déficit externo.

(...)

No cenário desenhado pelo Ministério da Fazenda para as contas externas do País em 2010, a conta de viagens internacionais deverá ter saldo negativo superior a US$ 9 bilhões (antes estavam previstos US$ 8,9 bilhões) e a de remessas de lucros e dividendos deverá ter déficit se aproximando de US$ 35 bilhões (no documento anterior estava em US$ 33 bilhões).

Segundo a fonte, essas duas contas têm forte influência da taxa de câmbio valorizada.

(...)

PIB.

O ministério está mantendo em U$S 35 bilhões a projeção de ingressos de Investimento Estrangeiro Direto (IED), aquele voltado à produção, em 2010, segundo a fonte.

Para o ano que vem, a estimativa é de US$ 45 bilhões em ingressos de IED.

O boletim Economia Brasileira em Perspectiva do Ministério da Fazenda trará também oficialmente a nova projeção de crescimento da economia para 2010, agora em 7,5%.

No documento anterior, a previsão era de 6,5%.

Para 2011, o governo manteve a projeção de alta do PIB em 5,5%.

Saldo negativo

US$ 49,5 bi
é a previsão do Ministério da Fazenda para o déficit da conta corrente neste ano (equivalente a 2,49% do PIB)

US$ 58,8 bi
é a previsão do Ministério da Fazenda para o déficit da conta corrente em 2011 (2,73% do PIB)

Fabio Graner O Estado de S. Paulo

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