Fotomontagem Toinho de Passira 
   
Alguns indicadores são bastante úteis para medir as condições de temperatura e pressão vigentes na economia de um país.
 O PIB é o mais didático deles;  o IDH, o mais completo. 
Mas, assim como nos procedimentos médicos,  exames específicos é que permitem um diagnóstico mais acurado. 
É o que  nos fornece, por exemplo, o balanço de pagamentos - este palavrão que  indica como as contas de uma nação se relacionam com as do resto do  mundo.
Nesta semana, o Banco Central divulgou o resultado registrado no primeiro semestre deste ano nas  transações correntes do balanço de pagamentos.
Os números foram  assustadores. 
Entre o que entrou e o que saiu do país entre janeiro e  junho em termos de comércio, serviço e rendas, fechamos no vermelho em  US$ 23,76 bilhões.
É muito?
 É pouco? 
Para saber, basta fazer algumas comparações. O resultado negativo no semestre praticamente equivale ao rombo de todo o ano passado: US$ 24,3 bilhões.
 É a pior marca para o período em 63 anos e o triplo do primeiro  semestre de 2009. Em proporção do PIB, já são 2,13%.
Conclusão: é muito.
(...)
Nos  últimos anos, dois componentes ajudaram a evitar o rombo: os saldos  comerciais - resultantes do que exportamos além do que importamos - e a  entrada de investimentos estrangeiros diretos (IED) - dinheiro que vem  para expandir fábricas e abrir novos negócios. 
Ambos têm hoje  comportamento cadente.
O  saldo comercial é hoje apenas metade do que era há um ano, fruto da  aquisição acelerada de bens e serviços no exterior, mais do que de  perdas nas exportações. Quanto ao IED, deverá cobrir apenas 70% do  déficit em conta corrente projetado para este ano. 
Tendo alcançado no  semestre apenas um terço do que se prevê para todo o ano, desde 1997 o  dinheiro do investimento não cobria tão pouco das nossas necessidades de  financiamento.
"A  diferença tem de ser coberta por fluxo de capital de curto prazo, que,  ao contrário do IED, é volátil. Pode sair do país da noite para o dia",  avaliou aFOLHA DE S.PAULO em sua edição de ontem.
(...)
O  governo petista gosta de bradar que, com Lula, o país tornou-se menos  dependente do exterior.
Onde mesmo, cara-pálida? 
Cada vez mais, o Brasil está à mercê dos recursos que vêm de fora; cada vez mais, a economia alimenta-se de bens importados; cada vez mais, o país sujeita-se ao capital especulativo para fechar suas contas.
Como  se vê, o petismo tem uma visão original de dependência ou, quiçá, uma  nova teoria.
O BC de Lula e Meirelles já piscou: admitiu que, para  fechar as contas, o país poderá ter de apelar por elevar sua dívida  externa, segundo o Estadão.
Nunca antes na história, a tal "independência" durou tão pouco.

 
 
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