"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

julho 28, 2010

"UMA NOVA TEORIA DA DEPENDÊNCIA". PARA MIM A VERDADEIRA HERANÇA MALDITA!

Fotomontagem Toinho de Passira

Alguns indicadores são bastante úteis para medir as condições de temperatura e pressão vigentes na economia de um país.

O PIB é o mais didático deles; o IDH, o mais completo.

Mas, assim como nos procedimentos médicos, exames específicos é que permitem um diagnóstico mais acurado.

É o que nos fornece, por exemplo, o balanço de pagamentos - este palavrão que indica como as contas de uma nação se relacionam com as do resto do mundo.

Nesta semana, o Banco Central divulgou o resultado registrado no primeiro semestre deste ano nas transações correntes do balanço de pagamentos.

Os números foram assustadores.

Entre o que entrou e o que saiu do país entre janeiro e junho em termos de comércio, serviço e rendas, fechamos no vermelho em US$ 23,76 bilhões.

É muito?

É pouco?

Para saber, basta fazer algumas comparações. O resultado negativo no semestre praticamente equivale ao rombo de todo o ano passado: US$ 24,3 bilhões.

É a pior marca para o período em 63 anos e o triplo do primeiro semestre de 2009. Em proporção do PIB, já são 2,13%.

Conclusão: é muito.

(...)

Nos últimos anos, dois componentes ajudaram a evitar o rombo: os saldos comerciais - resultantes do que exportamos além do que importamos - e a entrada de investimentos estrangeiros diretos (IED) - dinheiro que vem para expandir fábricas e abrir novos negócios.

Ambos têm hoje comportamento cadente.

O saldo comercial é hoje apenas metade do que era há um ano, fruto da aquisição acelerada de bens e serviços no exterior, mais do que de perdas nas exportações. Quanto ao IED, deverá cobrir apenas 70% do déficit em conta corrente projetado para este ano.

Tendo alcançado no semestre apenas um terço do que se prevê para todo o ano, desde 1997 o dinheiro do investimento não cobria tão pouco das nossas necessidades de financiamento.

"A diferença tem de ser coberta por fluxo de capital de curto prazo, que, ao contrário do IED, é volátil. Pode sair do país da noite para o dia", avaliou aFOLHA DE S.PAULO em sua edição de ontem.

(...)

O governo petista gosta de bradar que, com Lula, o país tornou-se menos dependente do exterior.

Onde mesmo, cara-pálida?

Cada vez mais, o Brasil está à mercê dos recursos que vêm de fora; cada vez mais, a economia alimenta-se de bens importados; cada vez mais, o país sujeita-se ao capital especulativo para fechar suas contas.

Como se vê, o petismo tem uma visão original de dependência ou, quiçá, uma nova teoria.

O BC de Lula e Meirelles já piscou: admitiu que, para fechar as contas, o país poderá ter de apelar por elevar sua dívida externa, segundo o Estadão.

Nunca antes na história, a tal "independência" durou tão pouco.

Nenhum comentário: