Leonardo Goy O Estado de S. Paulo
Manobra regimental da oposição na Câmara deve impedir o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de apresentar ao colega paraguaio, Fernando Lugo, no fim do mês, a revisão do Tratado de Itaipu, tão desejada pelo país vizinho.
Se aprovado, o Projeto de Decreto Legislativo (PDL) fará com que o Brasil triplique, de US$ 120 milhões para US$ 360 milhões, os pagamentos anuais ao Paraguai pela compra da energia excedente da hidrelétrica de Itaipu que não é usada pelo país.
Havia possibilidade de o projeto ser votado ontem na Comissão de Relações Exteriores da Câmara.
A oposição solicitou à direção da Casa que o tema fosse apreciado na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio.
O pedido foi acatado e forçou a criação de uma comissão especial para analisar o projeto, pois o regimento faz essa exigência para temas que exijam discussão em mais de três comissões.
"O governo tinha pressa para aprovar. Lula queria levar isso ao Paraguai no fim do mês. Mas vai chegar lá de mãos vazias", disse o deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), relator do projeto na Comissão de Relações Exteriores.
"A oposição garantiu, com isso, que o governo não conseguirá usar o rolo compressor para votar o projeto", disse Araújo.
Para o deputado, o Brasil não pode ceder ao pleito dos paraguaios e mudar o Tratado de Itaipu, ainda mais considerando que partiu do Brasil o financiamento para a construção da hidrelétrica.
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