A crise da Europa ameaça acabar com a lua de mel do mercado internacional com o Brasil.
Nem tanto por razões domésticas, mas porque um eventual prolongamento das turbulências tende a secar os recursos disponíveis mundo afora para aplicações em ativos considerados de risco, como os brasileiros.
As incertezas dos últimos dias já fizeram estragos no País – por enquanto, restritos à área financeira, sem afetar a economia real.
Os estrangeiros tiraram quase R$ 900 milhões da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) nos três primeiros dias úteis de maio.
A média diária de saída (próxima a R$ 300 milhões) supera até mesmo a do pior momento da crise global.
Em outubro de 2008, deixaram a Bolsa R$ 4,7 bilhões, valor recorde dos últimos anos. Na média diária, eram R$ 213 milhões.
No mercado futuro de câmbio, os estrangeiros passaram a apostar na desvalorização do real. Até o início da semana passada, esses investidores tinham uma posição de US$ 2,6 bilhões a favor da moeda brasileira.
Terça-feira, inverteram-na rapidamente. Agora, a posição está em US$ 2,5 bilhões pró-alta do dólar.
Adiamento
Outra evidência de que o sinal amarelo acendeu foi o recuo da Odebrecht, na sexta-feira, em uma emissão internacional. A empresa pretendia captar US$ 200 milhões no exterior.
Há quem acredite que o cenário nebuloso põe em risco até mesmo a megacapitalização da Petrobrás, prevista para os próximos meses.
A questão que ninguém sabe responder com precisão neste momento diz respeito justamente à duração e à extensão desse aperto de liquidez. Por ora, a aposta da maioria dos analistas é de que a Europa encontrará uma solução para os problemas fiscais de países como Grécia, Portugal e Espanha.
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