"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

maio 17, 2010

A NOMEAÇÃO POLITICA E "VÁLVULA DE BOTIJÃO"

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Leandro Colon / BRASÍLIA
Depois de chamar o DRCI de 'válvula de botijão', temor é que o secretário afastado vaze informações sobre as quebras de sigilo

O "botijão" de Tuma Júnior que amedronta o governo está no Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI).

Trata-se de um órgão técnico, subordinado ao secretário nacional de Justiça, que faz a ponte com outros países nas investigações do Judiciário e do Ministério Público sobre lavagem de dinheiro, crimes contra o sistema financeiro nacional e repatriação de ativos.

Já passaram por ali nomes como Paulo Maluf, Duda Mendonça, Fernando Sarney e Daniel Dantas.

Desde que Tuma Júnior assumiu, 9,5 mil processos chegaram ao DRCI. Em abril, foram 138. Ao menos 31quebras de sigilo bancário no exterior foram solicitadas nos últimos 90 dias, uma média de um a cada três dias. Tuma Júnior sabe muita coisa.

A saída dele do governo será um alívio para o Ministério Público. Promotores e procuradores não confiam no secretário, que é delegado, ex-deputado estadual e filho de senador. A relação do MP com a Secretaria Nacional de Justiça não é boa. Falta, dizem membros do Ministério Público ouvidos pela reportagem, interlocução com o DRCI. Tuma Júnior pôs tudo debaixo do braço.

Coordenador.

A direção do órgão está vaga desde o ano passado. Mas Tuma Júnior não tem pressa em preenchê-la. É que ele já tem um assessor de confiança com livre acesso aos dados do DRCI.

O secretário baixou, em 5 de março de 2009, uma portaria que deu aval para seu braço-direito no gabinete, o delegado Maurício Correali, ter acesso a todos os inquéritos do departamento.
Transformou-o numa espécie de "coordenador de acompanhamento" das investigações.


Correali foi colega de Tuma Júnior na Polícia Civil em São Paulo. Eles trabalharam juntos na divisão de inteligência. Foi também um dos delegados que investigaram a morte do petista Celso Daniel, em São Paulo.

Correali divide com Tuma Júnior os principais segredos dos pedidos de quebra de sigilo e bloqueio de bens de brasileiros no exterior.
É o tal "botijão de gás".

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