A equipe econômica e os líderes do governo na Câmara dos Deputados e no Senado passaram a limpo ontem a agenda de projetos em tramitação no Congresso que podem trazer riscos para o equilíbrio das contas públicas em ano de eleições.
A temperatura de pressão em cima dos parlamentares vai crescer a partir de agora com a campanha eleitoral nas ruas. E a votação de propostas que tratam do reajuste para aposentados e o valor salário mínimo é simbólica, pela mistura explosiva entre forte apelo popular e impacto nas finanças públicas.
Se os parlamentares não querem ficar mal com os eleitores, a área econômica não pode sinalizar descontrole com as despesas do governo.
Um sinal fiscal ruim agora é ingrediente a mais no combate ao processo de aceleração da inflação, provocado pelo descompasso entre a oferta e demanda na economia que deverá levar o Banco Central a aumentar os juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
Com a faca no pescoço para garantir a credibilidade da política fiscal depois do afrouxamento adotado no ano passado para enfrentar a crise, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, tenta se antecipar e participar mais ativamente das negociações para evitar surpresas desagradáveis à frente.
Nas contas da equipe econômica, um reajuste de 7,9% para benefícios acima do salário mínimo, como vinha sendo reivindicado pelos aposentados muito além dos 6,14% previstos na MP que tramita na Casa -, pode trazer um custo de cerca de R$ 2 bilhões a mais por ano nas contas da Previdência.
O deputado Paulinho da Força (PDT-SP) relativiza e diz que o custo adicional seria de R$ 1 bilhão por ano, caso o índice fique em 7%, como vem sendo discutido pelos líderes da base aliada.
Em qualquer caso, a conta é alta. Mas pode ser necessário entregar os anéis para não perder os dedos.
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