Aumento foi de 63.270 de dezembro de 2002 a outubro de  2009; Orçamento autoriza mais 46.151 vagas este ano
Raquel Landim
Quando chegar ao fim de seu segundo mandato, em dezembro, o  presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá contratado cerca de 100 mil  pessoas apenas para o Poder Executivo. 
É um exército de auditores,  pesquisadores, analistas, advogados, professores, entre outros  profissionais, que começaram a trabalhar nos diversos órgãos do governo  nos últimos oito anos. 
Para ter uma ideia da dimensão desse  contingente, corresponde a mais de duas vezes o quadro de 45 mil  funcionários da mineradora Vale, segunda maior empresa brasileira. 
Também é praticamente igual aos 110 mil empregos gerados por todas as  montadoras de carros instaladas no Brasil.
Dados do Ministério do  Planejamento mostram que, entre dezembro de 2002 e outubro de 2009,  aumentou em 63.270 o número de servidores públicos civis, para 549 mil. O  valor exclui aqueles que substituíram funcionários aposentados. 
O  Orçamento autoriza a criação de mais 46.151 vagas este ano, mas o  governo não costuma utilizar tudo que está previsto. Como 2010 é ano  eleitoral, os concursos só ocorrem até junho.
As contratações de  Lula praticamente compensaram o enxugamento feito no governo anterior e  reverteram uma política de corte de funcionários públicos iniciada em  1990. 
Com mais folga no Orçamento, graças ao crescimento da economia e à  reforma da Previdência de 2003, o Executivo tem hoje o mesmo número de  servidores que em 1997.
A administração do Partido dos  Trabalhadores (PT) defende "um novo papel estratégico do Estado", que  seria "incompatível com uma política de corte de pessoal", conforme um  informe do Ministério do Planejamento. 
"Estamos recuperando a capacidade  do Estado de atuar", disse o secretário de gestão do ministério,  Marcelo Viana Estevão de Moraes.
 Segundo ele, o objetivo é recompor o  quadro e requalificar os servidores.
 Ele também explica a expansão pelo  compromisso assumido com o Ministério Público de substituir  trabalhadores terceirizados por concursados.
A área da educação  liderou as contratações até agora, com 29.226 funcionários a mais entre  dezembro de 2002 e maio de 2009 (último dado disponível por setor). 
É  natural, porque se trata de uma áreas de maior peso na estrutura de  pessoal do governo. 
 (Camuflados: As contratações são para o Poder Executivo, esses professores por exemplo, não são para educação infantil, estão à serviço do Executivo, certo?)Segundo o secretário, a política de elevar o número  de vagas nas universidades também contribuiu. 
Entre as carreiras mais  beneficiadas estão Polícia Federal, Receita Federal, Previdência Social e  Advocacia-Geral da União. 
Para o economista do Instituto de  Pesquisa e Economia Aplicada (Ipea), Marcelo Caetano, um dos maiores  problemas do aumento de servidores é a "rigidez desse gasto".
 Graças a  vantagens como garantia de emprego e aposentadoria integral, cada  servidor permanece na folha de pagamentos da União por cerca de 50 anos -  a diferença entre a idade média de entrada no serviço público (32 anos)  e a expectativa de vida (80 anos).
348% A MAIS DE SALÁRIO
O  governo Lula também promoveu um agressivo reajuste dos salários dos  servidores, bem acima dos níveis da iniciativa privada. Um auditor  fiscal da Receita começa a carreira hoje com salário de R$ 14,7 mil.
 No  fim do governo Fernando Henrique, o salário final da categoria era R$  7,3 mil. 
Um analista de gestão pode ganhar hoje R$ 17,3 mil e um fiscal  de defesa agropecuária, R$ 14,9 mil. 
O reajuste mais significativo foi  concedido aos pesquisadores do Inmetro: 348%, para R$ 12,3 mil.
Para  o governo, os reajustes servem para atrair e reter os melhores talentos  na administração pública. O especialista em contas públicas Raul  Velloso avalia que a proximidade do PT com os sindicatos influencia. 
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
"Esse é um governo em que os sindicatos estão lá dentro."

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