Amanhã de manhã começaremos a nossa jornada de experimento de meditação por cinco dias. Como suporte para isso, eu gostaria de dizer algumas poucas coisas para vocês. Para a meditação, para a percepção da verdade, o solo de suas mentes tem que estar preparado da mesma maneira que uma pessoa precisa preparar o solo para cultivar flores. Assim eu gostaria que vocês compreendessem alguns sutras, alguns pontos chaves.
O primeiro sutra é:
viva no presente.
Durante os dias do Campo não se deixem levar pelo fluxo mecânico de seus pensamentos a respeito do passado e do futuro. É por causa disso que o momento vivo, o momento que realmente existe, é desperdiçado e se perde desnecessariamente. Nem o passado nem o futuro existem. Um é apenas a memória, o outro é apenas imaginação. Somente o presente é o momento vivo e verdadeiro. E se é para se conhecer a verdade, ela só pode ser conhecida se estivermos no presente.
Durante esses dias de meditação, mantenham-se conscientemente livres do passado e do futuro. Aceite que eles não existem. Somente o momento em suas mãos, o momento em que você está, existe. Você tem que viver nele, e vivê-lo totalmente.
Esta noite durma tão profundo como se todo o seu passado tivesse sido deixado de lado. Morra para o passado. E de manhã, acorde como um novo homem numa nova manhã. Não deixe que acorde aquele mesmo que foi para a cama. Deixe que aquele tenha um bom sono. Deixe que no lugar dele acorde o que está sempre novo e sempre revigorado.
Mantenha continuamente em sua lembrança por todo o tempo esse viver no presente, e fique alerta para que aquele pensamento mecânico a respeito do passado e do futuro nem volte de novo. Para isso, é suficiente permanecer atento. Se você permanecer atento, ele não vai se desencadear. A consciência destrói o hábito.
O segundo sutra é:
viva naturalmente.
Todo o comportamento do homem é artificial e formal. Nós sempre nos mantemos encobertos por um falso manto e por causa dessa coberta nós gradualmente esquecemos nossa própria realidade. Você tem que deixar cair essa pele falsa e jogá-la fora. Nós nos reunimos aqui, não para encenar um drama, mas para nos conhecermos, para compreendermos a nós mesmos. Da mesma forma que os atores de uma peça removem seus trajes e maquiagem e colocam-nos de lado após a apresentação, nestes cinco dias, você tem que remover suas falsas máscaras e jogá-las fora. Deixe que aquilo que é original e natural em você venha à tona e viva nisso. A meditação somente cresce numa vida simples e natural.
Durante esses dias de meditação, saiba que você não tem que manter nenhuma posição, você não é especial, você não tem qualquer status. Jogue fora todas essas máscaras. Você é simplesmente você, um ser humano comum, sem nome, sem status, sem classe, sem família, sem casta - simplesmente uma pessoa sem nome, um indivíduo muito comum. Você tem que viver desse jeito. E lembre-se que essa é também a nossa verdadeira realidade.
O terceiro sutra é:
viva só.
A vida de meditação nasce em completa solidão, quando a pessoa está totalmente só. Mas geralmente o homem nunca está só. Ele está sempre cercado pelos outros. E quando ele não está no meio da multidão externa, ele está em uma multidão interna. Essa multidão tem que ser dispersada.
Não permita que a multidão se reúna dentro de você. E quanto ao lado de fora, viva por si próprio como se você estivesse sozinho neste Campo. Você não tem que manter relacionamentos com ninguém mais. No meio desses incontáveis relacionamentos vocês se esqueceram de vocês mesmos. Todos esses relacionamentos - nos quais vocês são amigos ou inimigos de alguém, pai ou filho, esposa ou marido - absorveram vocês de tal maneira que vocês são incapazes de conhecer a si mesmos em suas próprias individualidades.
Alguma vez vocês já tentaram imaginar o que vocês são, fora de todos esses seus relacionamentos? Alguma vez vocês já se livraram das vestimentas desses relacionamentos e viram a si mesmos sem elas? Distancie vocês mesmos de todos esses relacionamentos e vejam que vocês não são filhos de seus pais e mães, não são os maridos de suas esposas, nem o pai de suas crianças, nem o amigo de seus amigos, nem o inimigo de seus inimigos - e o que sobra é o seu verdadeiro ser. Aquela entidade remanescente é o que você é em si mesmo. Durante esses dias você tem que viver sozinho nesse ser.
Seguindo esses sutras, a sua mente chegará a um estado, o qual é uma necessidade absoluta para a compreensão da paz e da verdade. Ao lado desses três sutras, eu quero explicar a vocês os dois tipos de meditação que nós começaremos a fazer a partir de amanhã de manhã.
A primeira meditação é para a manhã. Durante essa meditação você deverá manter sua coluna espinhal ereta, fechar os seus olhos e manter o seu pescoço reto. Seus lábios devem estar fechados e sua língua deve tocar o céu da boca. Respire devagar, mas profundamente. Mantenha a sua atenção próxima do umbigo. Mantenha-se alerta quanto ao tremor que você sentir no umbigo devido à respiração. Isso é tudo o que vocês têm que fazer. Esse experimento acalma a mente e esvazia os pensamentos completamente. A partir desse vazio a pessoa finalmente entra dentro de si mesma.
A segunda meditação é para a noite. Estenda seu corpo no chão confortavelmente e deixe todos os seus membros se relaxarem completamente. Feche seus olhos e por cerca de dois minutos sugira a você mesmo que o corpo está relaxando. Gradualmente o corpo se tornará relaxado. Então, por dois minutos sugira que sua respiração está se tornando quieta e sua respiração se tornará quieta. Finalmente por outros dois minutos, sugira que seus pensamentos estão parando. Essa sugestão firme o levará a um completo relaxamento, tranqüilidade e vazio. Quando a mente se tornar completamente calma, esteja completamente acordado em seu ser interior e seja uma testemunha dessa paz. Esse testemunhar levará você ao seu ser.
Vocês devem fazer essas duas meditações. Na verdade elas são estratagemas artificiais e vocês não devem se agarrar a elas. Com ajuda delas, a inquietação das mentes se dissolve. E da mesma forma que não mais precisamos da escada ao completarmos a subida, um dia nós também iremos deixar esses estratagemas.
A meditação atinge a perfeição no dia em que ela se torna desnecessária. Esse estado é o verdadeiro samadhi, iluminação.
Agora a noite já está avançada e o céu está coberto de estrelas. As árvores e os vales já foram dormir. Nós também vamos dormir agora. Como tudo isso é quieto e silencioso! Nós também vamos nos fundir nesse silêncio. Num sono profundo, num sono sem sonhos, nós vamos para o lugar onde o divino habita. Esse é o samadhi espontâneo, não-consciente que a natureza deu para nós. Através da meditação, nós também alcançamos esse mesmo espaço, mas com a meditação nós permanecemos conscientes e alertas. Essa é a única diferença. E essa é realmente uma grande diferença. Numa situação nós vamos dormir e na outra nós nos tornaremos acordados.
Vamos agora dormir com a esperança de que o despertar também se tornará possível. Quando a esperança é acompanhada por determinação e empenho, ela certamente se realiza. É possível que a existência nos guie ao longo do caminho. Essa é a minha única prece."
OSHO - The Perfect Way
O primeiro sutra é:
viva no presente.
Durante os dias do Campo não se deixem levar pelo fluxo mecânico de seus pensamentos a respeito do passado e do futuro. É por causa disso que o momento vivo, o momento que realmente existe, é desperdiçado e se perde desnecessariamente. Nem o passado nem o futuro existem. Um é apenas a memória, o outro é apenas imaginação. Somente o presente é o momento vivo e verdadeiro. E se é para se conhecer a verdade, ela só pode ser conhecida se estivermos no presente.
Durante esses dias de meditação, mantenham-se conscientemente livres do passado e do futuro. Aceite que eles não existem. Somente o momento em suas mãos, o momento em que você está, existe. Você tem que viver nele, e vivê-lo totalmente.
Esta noite durma tão profundo como se todo o seu passado tivesse sido deixado de lado. Morra para o passado. E de manhã, acorde como um novo homem numa nova manhã. Não deixe que acorde aquele mesmo que foi para a cama. Deixe que aquele tenha um bom sono. Deixe que no lugar dele acorde o que está sempre novo e sempre revigorado.
Mantenha continuamente em sua lembrança por todo o tempo esse viver no presente, e fique alerta para que aquele pensamento mecânico a respeito do passado e do futuro nem volte de novo. Para isso, é suficiente permanecer atento. Se você permanecer atento, ele não vai se desencadear. A consciência destrói o hábito.
O segundo sutra é:
viva naturalmente.
Todo o comportamento do homem é artificial e formal. Nós sempre nos mantemos encobertos por um falso manto e por causa dessa coberta nós gradualmente esquecemos nossa própria realidade. Você tem que deixar cair essa pele falsa e jogá-la fora. Nós nos reunimos aqui, não para encenar um drama, mas para nos conhecermos, para compreendermos a nós mesmos. Da mesma forma que os atores de uma peça removem seus trajes e maquiagem e colocam-nos de lado após a apresentação, nestes cinco dias, você tem que remover suas falsas máscaras e jogá-las fora. Deixe que aquilo que é original e natural em você venha à tona e viva nisso. A meditação somente cresce numa vida simples e natural.
Durante esses dias de meditação, saiba que você não tem que manter nenhuma posição, você não é especial, você não tem qualquer status. Jogue fora todas essas máscaras. Você é simplesmente você, um ser humano comum, sem nome, sem status, sem classe, sem família, sem casta - simplesmente uma pessoa sem nome, um indivíduo muito comum. Você tem que viver desse jeito. E lembre-se que essa é também a nossa verdadeira realidade.
O terceiro sutra é:
viva só.
A vida de meditação nasce em completa solidão, quando a pessoa está totalmente só. Mas geralmente o homem nunca está só. Ele está sempre cercado pelos outros. E quando ele não está no meio da multidão externa, ele está em uma multidão interna. Essa multidão tem que ser dispersada.
Não permita que a multidão se reúna dentro de você. E quanto ao lado de fora, viva por si próprio como se você estivesse sozinho neste Campo. Você não tem que manter relacionamentos com ninguém mais. No meio desses incontáveis relacionamentos vocês se esqueceram de vocês mesmos. Todos esses relacionamentos - nos quais vocês são amigos ou inimigos de alguém, pai ou filho, esposa ou marido - absorveram vocês de tal maneira que vocês são incapazes de conhecer a si mesmos em suas próprias individualidades.
Alguma vez vocês já tentaram imaginar o que vocês são, fora de todos esses seus relacionamentos? Alguma vez vocês já se livraram das vestimentas desses relacionamentos e viram a si mesmos sem elas? Distancie vocês mesmos de todos esses relacionamentos e vejam que vocês não são filhos de seus pais e mães, não são os maridos de suas esposas, nem o pai de suas crianças, nem o amigo de seus amigos, nem o inimigo de seus inimigos - e o que sobra é o seu verdadeiro ser. Aquela entidade remanescente é o que você é em si mesmo. Durante esses dias você tem que viver sozinho nesse ser.
Seguindo esses sutras, a sua mente chegará a um estado, o qual é uma necessidade absoluta para a compreensão da paz e da verdade. Ao lado desses três sutras, eu quero explicar a vocês os dois tipos de meditação que nós começaremos a fazer a partir de amanhã de manhã.
A primeira meditação é para a manhã. Durante essa meditação você deverá manter sua coluna espinhal ereta, fechar os seus olhos e manter o seu pescoço reto. Seus lábios devem estar fechados e sua língua deve tocar o céu da boca. Respire devagar, mas profundamente. Mantenha a sua atenção próxima do umbigo. Mantenha-se alerta quanto ao tremor que você sentir no umbigo devido à respiração. Isso é tudo o que vocês têm que fazer. Esse experimento acalma a mente e esvazia os pensamentos completamente. A partir desse vazio a pessoa finalmente entra dentro de si mesma.
A segunda meditação é para a noite. Estenda seu corpo no chão confortavelmente e deixe todos os seus membros se relaxarem completamente. Feche seus olhos e por cerca de dois minutos sugira a você mesmo que o corpo está relaxando. Gradualmente o corpo se tornará relaxado. Então, por dois minutos sugira que sua respiração está se tornando quieta e sua respiração se tornará quieta. Finalmente por outros dois minutos, sugira que seus pensamentos estão parando. Essa sugestão firme o levará a um completo relaxamento, tranqüilidade e vazio. Quando a mente se tornar completamente calma, esteja completamente acordado em seu ser interior e seja uma testemunha dessa paz. Esse testemunhar levará você ao seu ser.
Vocês devem fazer essas duas meditações. Na verdade elas são estratagemas artificiais e vocês não devem se agarrar a elas. Com ajuda delas, a inquietação das mentes se dissolve. E da mesma forma que não mais precisamos da escada ao completarmos a subida, um dia nós também iremos deixar esses estratagemas.
A meditação atinge a perfeição no dia em que ela se torna desnecessária. Esse estado é o verdadeiro samadhi, iluminação.
Agora a noite já está avançada e o céu está coberto de estrelas. As árvores e os vales já foram dormir. Nós também vamos dormir agora. Como tudo isso é quieto e silencioso! Nós também vamos nos fundir nesse silêncio. Num sono profundo, num sono sem sonhos, nós vamos para o lugar onde o divino habita. Esse é o samadhi espontâneo, não-consciente que a natureza deu para nós. Através da meditação, nós também alcançamos esse mesmo espaço, mas com a meditação nós permanecemos conscientes e alertas. Essa é a única diferença. E essa é realmente uma grande diferença. Numa situação nós vamos dormir e na outra nós nos tornaremos acordados.
Vamos agora dormir com a esperança de que o despertar também se tornará possível. Quando a esperança é acompanhada por determinação e empenho, ela certamente se realiza. É possível que a existência nos guie ao longo do caminho. Essa é a minha única prece."
OSHO - The Perfect Way