O Brasil fechou o terceiro trimestre do ano com necessidade de financiamento externo de R$ 43,9 bilhões, a maior da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) iniciada em 2000. Segundo especialistas, o rombo é resultado de desequilíbrios causados por políticas equivocadas e terá como consequência novas dificuldades a médio e longo prazos.
Em relação ao segundo trimestre, as importações caíram 0,1%, mas as exportações despencaram 1,4%. Na comparação com o terceiro trimestre de 2012, houve elevação muito maior das compras de produtos de outros países (13,7%) do que das vendas para fora (3,1%). Com isso, as necessidades de financiamento cresceram R$ 13 ,8 bilhões entre os dois períodos.
Flávio Serrano, do Espirito Santo Investment Bank, explicou que a disparidade reflete os incentivos dados pelo governo ao consumo, mas não ao investimento e à produção. “As empresas não conseguem sequer atender a demanda interna, quanto mais exportar”, disse.
Poupança
A economista Zeina Latif, sócia da Gibraltar Consulting, também aponta o descompasso, mas, por ora, não vê problemas no financiamento do deficit externo. “A curto prazo, isso não atrapalha. Mas uma hora o mundo pode dizer para o Brasil: basta, você já consumiu demais”, alertou.
Serrano destacou que o desempenho negativo das contas públicas é a causa da baixa poupança do país, que caiu para 15% do PIB no terceiro trimestre, a menor desde 2001. Se o Estado não se apropriasse de parte do que as famílias guardam para se financiar, a taxa estaria em patamar adequado.
PAULO SILVA PINTO
Correio Braziliense
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