As 150 casas de bairro criado em Planaltina de Goiás para receber beneficiários do programa Minha Casa, Minha Vida sofrem a ação de invasores.
A ocupação ilegal começou mesmo com os imóveis inacabados
Famílias sendo arrancadas à força de casa por bandidos.
Pessoas que se dizem donas dos imóveis expulsando gente à bala. Portas arrombadas, cadeados e cachorros para garantir a posse. Recados pintados na fachada com alertas intimidadores. Roubos de água e de energia elétrica. Tudo em meio ao cerrado, sem asfalto, sem esgoto canalizado e sem iluminação nas ruas enlameadas pelas chuvas. Um bairro criado para abrigar beneficiários do programa Minha Casa, Minha Vida tem cenas de faroeste.
Há pouco mais de um mês, pessoas de todos os cantos do DF e do Entorno começaram a ocupar e a disputar as edificações, ainda em construção, no Jardim das Palmeiras 2, periferia de Planaltina de Goiás, a 40km de Brasília. Ninguém pagou nem paga por nada e há quem anuncie a venda daquilo que não lhe pertence, erguido com dinheiro público.
A invasão das 150 casas inacabadas teve início em 3 de outubro. Em duas semanas, todos os imóveis estavam ocupados. Foram levantados por duas construtoras, com R$ 5 milhões financiados pela Caixa Econômica Federal (CEF). Cada um tem 39 metros quadrados, com dois quartos, sala, cozinha e banheiro. Mas faltavam piso, pias e vaso sanitário, além de instalações de energia e de água.
Ameaças de morte
Os invasores têm feito todo tipo de gambiarra. Puxam a eletricidade diretamente da rede pública, erguida nos postes das quatro ruas do bairro, ainda sem as lâmpadas de iluminação das vias. Para ter água em casa, emendam canos à rede da companhia goiana de abastecimento, a Saneago. E, como ainda não há esgoto, furam fossa no quintal. Há cerca de 40 casas ocupadas por inscritos em duas cooperativas organizadas para receber as residências por meio do Minha Casa, Minha Vida (leia Para saber mais). Elas teriam decidido entrar nas residências quando se espalhou a notícia da invasão.
Ana Lúcia dos Santos, 35 anos, diz ser uma das pretensas beneficiárias do programa do governo. Alega que quem está cadastrada é a mãe, Tereza Barbosa dos Santos, 56. “Como ela tem onde morar, combinamos que, quando a casa fosse entregue, ela ficaria comigo ou com uma das minhas duas irmãs. Aí, quando soube que elas estavam sendo invadidas, viemos correndo”, conta a desempregada, mãe de dois adolescentes e duas crianças. Ana Lúcia mandou o filho pintar na fachada a mensagem: “Esta casa tem dono”.
Recados parecidos aparecem na frente de pelo menos 20 imóveis. Há quem ameace até matar, caso o cadeado seja arrombado. Invasora declarada, Smênia Medeiros da Silva, 35 anos, promete “muita briga” se alguém pedir para ela sair da casa ocupada há 15 dias, a segunda na qual ela e quatro dos cinco filhos se instalaram. Primeiro, a família entrou em uma residência sem construções vizinhas.
“A dona (suposta beneficiária do Minha Casa, Minha Vida) falou que eu poderia ficar lá, pois a localização era muito ruim. Bastava eu pagar as prestações. Mas não gostei do lugar porque era muito isolado”, conta.
Smênia fez “gato” na energia elétrica e na rede de água. Também instalou as pias do banheiro e da cozinha, além do vaso sanitário. “Essa casa devia ter um dono, mas, agora, é minha. Tenho família”, afirma ela, que ganha uma pensão vitalícia de R$ 678, mais R$ 244 referentes ao Bolsa Família, programa do governo federal.
Tiros na rua
Smênia mora ao lado de uma casa sem as duas portas de acesso e toda pichada com imagens de revólveres. Ela e os vizinhos dizem que o imóvel foi invadido em 3 de outubro por um homem que costumava dar tiros na rua. “Aí, um dia, apareceu outro, que diz ser o dono da casa, e jogou na rua os móveis do invasor. Estamos esperando para ver o fim dessa história”, comenta a invasora.
As casas são oferecidas por meio de placas e no boca a boca.
“Tem gente que pede até R$ 500, pois invadiu só para ganhar dinheiro”, revela a desempregada Maria de Lurdes Oliveira, 47 anos, três filhos. Além dos R$ 200 da pensão de um dos filhos, mais os R$ 130 do Bolsa Escola, ela ganha trocados com a venda de sorvete e de açaí, anunciados na frente da nova casa, ao lado do recado “Tem dono”.
Correio Braziliense
Há pouco mais de um mês, pessoas de todos os cantos do DF e do Entorno começaram a ocupar e a disputar as edificações, ainda em construção, no Jardim das Palmeiras 2, periferia de Planaltina de Goiás, a 40km de Brasília. Ninguém pagou nem paga por nada e há quem anuncie a venda daquilo que não lhe pertence, erguido com dinheiro público.
A invasão das 150 casas inacabadas teve início em 3 de outubro. Em duas semanas, todos os imóveis estavam ocupados. Foram levantados por duas construtoras, com R$ 5 milhões financiados pela Caixa Econômica Federal (CEF). Cada um tem 39 metros quadrados, com dois quartos, sala, cozinha e banheiro. Mas faltavam piso, pias e vaso sanitário, além de instalações de energia e de água.
Ameaças de morte
Os invasores têm feito todo tipo de gambiarra. Puxam a eletricidade diretamente da rede pública, erguida nos postes das quatro ruas do bairro, ainda sem as lâmpadas de iluminação das vias. Para ter água em casa, emendam canos à rede da companhia goiana de abastecimento, a Saneago. E, como ainda não há esgoto, furam fossa no quintal. Há cerca de 40 casas ocupadas por inscritos em duas cooperativas organizadas para receber as residências por meio do Minha Casa, Minha Vida (leia Para saber mais). Elas teriam decidido entrar nas residências quando se espalhou a notícia da invasão.
Ana Lúcia dos Santos, 35 anos, diz ser uma das pretensas beneficiárias do programa do governo. Alega que quem está cadastrada é a mãe, Tereza Barbosa dos Santos, 56. “Como ela tem onde morar, combinamos que, quando a casa fosse entregue, ela ficaria comigo ou com uma das minhas duas irmãs. Aí, quando soube que elas estavam sendo invadidas, viemos correndo”, conta a desempregada, mãe de dois adolescentes e duas crianças. Ana Lúcia mandou o filho pintar na fachada a mensagem: “Esta casa tem dono”.
Recados parecidos aparecem na frente de pelo menos 20 imóveis. Há quem ameace até matar, caso o cadeado seja arrombado. Invasora declarada, Smênia Medeiros da Silva, 35 anos, promete “muita briga” se alguém pedir para ela sair da casa ocupada há 15 dias, a segunda na qual ela e quatro dos cinco filhos se instalaram. Primeiro, a família entrou em uma residência sem construções vizinhas.
“A dona (suposta beneficiária do Minha Casa, Minha Vida) falou que eu poderia ficar lá, pois a localização era muito ruim. Bastava eu pagar as prestações. Mas não gostei do lugar porque era muito isolado”, conta.
Smênia fez “gato” na energia elétrica e na rede de água. Também instalou as pias do banheiro e da cozinha, além do vaso sanitário. “Essa casa devia ter um dono, mas, agora, é minha. Tenho família”, afirma ela, que ganha uma pensão vitalícia de R$ 678, mais R$ 244 referentes ao Bolsa Família, programa do governo federal.
Tiros na rua
Smênia mora ao lado de uma casa sem as duas portas de acesso e toda pichada com imagens de revólveres. Ela e os vizinhos dizem que o imóvel foi invadido em 3 de outubro por um homem que costumava dar tiros na rua. “Aí, um dia, apareceu outro, que diz ser o dono da casa, e jogou na rua os móveis do invasor. Estamos esperando para ver o fim dessa história”, comenta a invasora.
As casas são oferecidas por meio de placas e no boca a boca.
“Tem gente que pede até R$ 500, pois invadiu só para ganhar dinheiro”, revela a desempregada Maria de Lurdes Oliveira, 47 anos, três filhos. Além dos R$ 200 da pensão de um dos filhos, mais os R$ 130 do Bolsa Escola, ela ganha trocados com a venda de sorvete e de açaí, anunciados na frente da nova casa, ao lado do recado “Tem dono”.
Correio Braziliense
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