"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

junho 24, 2013

DE(s)CÊNIO DOS FARSANTES : Brasileiro usa crédito para pagar dívida . Brasileiro troca crédito para consumo por financiamento para pagar dívidas



Mudou a procura dos brasileiros por crédito. 
As pessoas têm buscado mais as linhas que oferecem dinheiro vivo, usado principalmente para pagar dívidas do que aquelas que vinculam o financiamento à compra de um produto.

E a estrela do crédito é o consignado, cuja prestação é descontada do salário do trabalhador praticamente sem risco de calote para os bancos. O volume de aprovações do consignado cresceu 20,8% em 12 meses até abril, segundo dados do Banco Central (BC).

Também as concessões no cartão de crédito à vista, que acabam dando um fôlego extra para o orçamento das famílias até a data do pagamento da fatura, cresceram 15,4% em 12 meses até abril Já as linhas ligadas diretamente ao consumo tiveram baixo crescimento ou até caíram no período.

As concessões de crédito para a compra de veículos, por exemplo, recuaram 5,9% em 12 meses até abril

A mudança no perfil da demanda por crédito foi provocada pelo alto endividamento das famílias, combinado com a inadimplência elevada e resistente, segundo os especialistas em crédito. Além disso, o avanço da inflação nos últimos meses corroeu o poder de compra da população, o que resultou no desempenho pífio do consumo das famílias, que cresceu só 0,1% no 1º trimestre deste ano ante o último de 2012.

"Hoje, o ambiente é outro. As pessoas estão procurando crédito para fazer caixa, não para consumo", afirma o economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), Nicola Tingas.

Como houve crescimento significativo nas concessões no primeiro trimestre nas linhas de consignado e cartão à vista, o economista ressalta que esses são fortes indícios de que "as famílias estão com o caixa estrangulado e precisam de crédito para completar o orçamento".

Segundo ele, as linhas ligadas ao consumo perderam dinamismo.

Essa também é a avaliação do economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Fábio Bentes, Nas contas dele, entre dezembro do ano passado e abril deste ano, a média diária de concessões do crédito consignado cresceu 46,1%, considerando as variações típicas desses meses.

Em contrapartida, no mesmo período, as aprovações diárias de financiamentos para aquisição de bens e compra de veículos caíram 22,9% e 17,2%, respectivamente, no mesmo período.

O destaque foi o consignado. Segundo Bentes, em fevereiro deste ano, a fatia do saldo dos empréstimos consignados ultrapassou pela primeira vez a de veículos no crédito pessoal com recursos livres, excluindo o crédito imobiliário. Em abril, o último dado disponível, o consignado respondia por 28,6% do total emprestado ao consumidor e os veículos, por 27,2%.

"O consumidor está com menos folga no orçamento", diz Bentes. Pesquisa da CNC mostra que 65,8% das famílias mais pobres, com renda inferior a dez salários mínimos (R$ 6.780), estavam endividadas em maio. Foi o segundo mês seguido em que o endividamento aumentou nesse estrato de renda, Em maio de 2012, esse índice era 56,9%.

Bancos e financeiras confirmam a mudança de perfil da demanda por crédito. "Tem mais gente procurando crédito em dinheiro do que financiamento para a compra de produto", diz Ramon Martinez, diretor de risco da Cetelem, financeira do BMP Paraíbas.

No primeiro quadrimestre do ano, as concessões da linha de crédito pessoal da financeira cresceram 25% em relação a igual período de 2012, mais que o dobro da variação registrada na aprovação de crédito de cartões (12%), normalmente atrelada à compra de produtos.

Por meio de cartões, a Cetelem financia as vendas em 30 varejistas espalhadas pelo País.

"O desempenho do crédito pessoal surpreendeu", diz Martinez

O Estado de S. Paulo 

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