"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

fevereiro 25, 2013

DO CACHACEIRO PARLAPATÃO O FILHO...do brasil : "um novo momen­to para a humanidade". HOJE TEMPO DE GERENTONA FALSÁRIA(QUEBRA 1,99) : As usinas estão parando

Soam como zomba­ria as palavras pro­nunciadas há seis anos pelo então pre­sidente Lula, quan­do - ao comentar o memorando de cooperação pa­ra a produção de álcool combus­tível que ele e o presidente ame­ricano George W. Bush acaba­vam de assinar - afirmou que se abria, então, "um novo momen­to para a humanidade".

O ex- presidente dizia que Brasil e Es­tados Unidos, os dois países líderes na produção de biocombustíveis, estimulariam a produção global de etanol, dando assim "uma contribuição inestimável para a geração de renda, para a inclusão social e para a redução da pobreza em muitos países".

A política energética dos governos chefiados pelo PT, primeiro o de Lula e agora o de Dilma Rousseff, agravou os problemas enfrentados pelos produtores de etanol no País e levou a uma crise que, mesmo se enfrentada adequadamente, demorará para ser debelada.
Nos próximos dois ou três anos, 60 das 330 usinas de açú­car e de etanol da região Centro-Sul, que respondem por 90% da cana-de-açúcar processada no País, encerrarão suas operações ou serão vendidas, como mos­trou reportagem do Estado. A previsão é da União da Indús­tria de Cana-de-Açúcar (Unica).

Por dificuldades financeiras, pe­lo menos dez usinas não proces­sarão a safra 2013/2014.

Desde 2008, quando come­çou a crise mundial, não se anunciou nenhuma decisão de instalação de novas usinas. Quatro unidades devem entrar em operação até 2014, mas seus projetos estavam decidi­dos antes do início da crise. Em compensação, 36 usinas en­traram com pedido de recupe­ração judicial e 40 foram desati­vadas.

Só em 2012, o setor fe­chou 18 mil postos de trabalho.

A dívida das empresas do setor, no final da safra 2013/2014, deverá chegar a R$ 56 bilhões, R$ 4 bilhões mais do que o total apurado no final da safra anterior e pouco abai­xo do faturamento projetado para as usinas do Centro-Sul, de R$ 60 bilhões.

É um quadro totalmente dife­rente daquele anunciado pelo governo, segundo o qual o Bra­sil se tomaria referência e líder mundial na produção de etanol de cana. Para provar isso, o Bra­sil precisou convencer os gran­des países consumidores - os da Europa e os Estados Unidos, sobretudo - de que o etanol de cana-de-açúcar brasileiro era um combustível avançado e de alta produtividade.

O acordo en­tre os governos brasileiro e ame­ricano foi um passo importante na consolidação da imagem do etanol brasileiro. O americano é produzido a partir do milho, e o uso intensivo desse cereal na produção de álcool impulsiona sua cotação internacional.

A crise mundial afetou a capa­cidade financeira das usinas bra­sileiras. Investimentos em no­vas unidades e ampliação das existentes foram suspensos, não foram plantadas as novas áreas necessárias, a produtivida­de caiu e o Brasil perdeu a con­dição de produtor de menor cus­to.

A produção de cana e de ál­cool, que cresceu cerca de 10% ao ano entre 2004 e 2008, dimi­nuiu no ano passado, enquanto a de veículos aumentou 3%.

O congelamento do preço do combustível no mercado inter­no, imposto pelo governo para conter a inflação, resultou em perdas severas para a Petrobrás e tornou o etanol ainda menos competitivo. As usinas adaptadas para isso passaram a produzir mais açúcar, cujo pre­ço internacional é mais com­pensador do que o do etanol.


A política do governo tornou mais grave uma crise que já era difícil para o setor, por causa de problemas financeiros e também da ocorrência de uma seca severa entre 2010 e 2011.

Ironicamente, essa crise se tornou mais grave justamente no momento em que, como o Brasil sempre reivindicou, as usinas brasileiras poderiam es­tar livremente abastecendo o mercado americano, pois, por problemas fiscais, o governo de Washington eliminou o subsí­dio ao etanol de milho e a sobre­taxa sobre o etanol importado.

A correção do preço do com­bustível e o aumento de 20% para 25% do porcentual do eta­nol na gasolina tendem a me­lhorar a situação das usinas. Mas são medidas de curto pra­zo.

O setor carece de seguran­ça para investir, o que depen­de, entre outros fatores, de defi­nição clara do governo sobre o papel do etanol na matriz ener­gética, por exemplo.

As usinas estão parando
O Estado de S. Paulo

Nenhum comentário: