"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

fevereiro 13, 2013

BRASIL DECENTE : PRECISA-SE DE OPOSICIONISTA

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...Voltemos mais uma vez aos nomes. 
São os de sempre - os que sobreviveram ao tempo que se passou desde a fundação do PSDB. Só que um partido não vive eternamente da inércia, das vitórias de outras épocas. 
A militância foi esquecida. 
Franco Montoro, Sérgio Motta, Mário Covas deixaram espaços... 

Tenho 30 anos, sou filiado ao PSDB desde 1998. 
Já naquele ano aconteceram duas campanhas memoráveis e antagônicas (preste atenção no nome dos candidatos tucanos. Retornaremos a eles daqui a pouco). 

Eleger Fernando Henrique, depois de quatro anos de uma estabilidade desconhecida à época, foi fácil, primeiro turno com 53% dos votos. 

Em São Paulo a história foi outra: 
o governador Mário Covas, ao final do primeiro mandato, começou a campanha em quarto lugar nas pesquisas. 
Dois dias antes da eleição estava em terceiro, dois pontos atrás de Francisco Rossi. Maluf liderava. No segundo turno, Covas foi reeleito com 55% dos votos.

Logo no início do segundo mandato perdemos Sergio Motta e Franco Montoro. Nas eleições municipais de 2000, o então vice-governador Geraldo Alckmin ficou em terceiro lugar com 17% dos votos. Em 2001, Alckmin assumiu o governo de São Paulo após a morte de Covas.

Voltemos aos nomes: 
Fernando Henrique, 
Covas, 
Alckmin (Serra já tinha sido candidato a prefeito em 88, sendo derrotado pela então petista Luiza Erundina). 

Veja os nomes de hoje: 
Fernando Henrique, 
Alckmin, 
Serra. 

Dos nomes de mais de 20 anos atrás, só não está quem já morreu.

Em 2002, na primeira eleição federal e estadual sem Covas, Montoro e Sérgio Motta, com FHC já não tão bem avaliado, nosso candidato virou candidato "dele mesmo". Serra teve 38% dos votos no segundo turno, derrota de todos nós. 

Alckmin se reelegeu em São Paulo com 58% dos votos, batendo José Genoino no segundo turno.

Fomos para a oposição ao governo federal. 
A economia crescia pouco, atingida pela crise mundial. 
Nas eleições municipais de 2004, Serra ganhou com 54% dos votos. 
A economia dava aos tucanos condições de ser oposição. 
Em 2005 explodiu o escândalo do Mensalão. 

A estratégia do PSDB, de omitir-se, de não confrontar a crise do adversário "em nome da República", até poderia ter dado certo. Mas a economia cresceu 5,7% em 2005 e 3,2% em 2006 e sufocou as possibilidades de êxito daquela estratégia. 

Perguntas: 
quem era o líder da oposição? 
Quais os nomes do PSDB que o público poderia identificar com a oposição ao Governo?

Chega 2006, Serra e Alckmin lutam pela indicação para disputar a presidência. 

Em um jantar no Massimo, um dos restaurantes mais luxuosos de São Paulo, com Fernando Henrique, 
Tasso Jereissati, 
Aécio Neves, 
Serra e a imprensa, 
fica definido que o candidato à presidência seria Alckmin. 

Serra sai candidato a governador e se elege no primeiro turno com 57% dos votos. Algum nome novo no jantar? 

Não: 
tanto Tasso quanto Aécio são fundadores do PSDB e amigos-inimigos de Alckmin, Serra e tucanos paulistas em geral. Aécio está disposto a apoiar o candidato indicado pelo partido, desde que seja ele. Não sendo ele, está disposto a lutar com fervor, durante a campanha, para manter os braços cruzados.

Alckmin perde a eleição presidencial no segundo turno com 39% dos votos. 
No segundo ciclo como oposição, a economia cresceu 3,2% em 2006, 
4% em 2007, 
6,1% em 2008 e 5,2% em 2009. 

A economia já não favorecia os oposicionistas e o eleitorado não ligou para o Mensalão.

Nas eleições municipais de 2008, Alckmin ficou em terceiro lugar. O esquema tucano se manteve no poder com Gilberto Kassab, um aliado que logo mudaria completamente de lado e está a pique de ganhar um Ministério de Dilma.

Em 2010, após perder duas eleições seguidas, Alckmin deixa o caminho livre para Serra se candidatar à presidência (atropelando Aécio, que também queria disputar, e levando-o a cruzar os braços mais uma vez). 

Alckmin ganha o Governo paulista no primeiro turno. Serra perde para Dilma no segundo turno - a segunda derrota em eleição presidencial.
Vem a eleição para prefeito de São Paulo - e quem é o candidato? 
Serra, de novo. 

É como se o PSDB só tivesse Serra e Alckmin para disputar qualquer eleição. Serra perdeu de novo, para uma novidade petista: 
o ex-ministro Fernando Haddad, em sua primeira experiência eleitoral.

As próximas eleições são as presidenciais, em 2014. 
Hoje, o ministro Joaquim Barbosa, que jamais manifestou qualquer interesse em ser candidato, que não é filiado a partido algum, que é conhecido do eleitor apenas por ter comandado o julgamento do Mensalão, aparece nas pesquisas de intenção de voto. 

O governador tucano de São Paulo não aparece nessas pesquisas. Eduardo Campos, governador de um Estado menor, Pernambuco, integrante de um partido muito menor que o PSDB, o PSB, aparece. 
O eterno candidato tucano, José Serra, não aparece.

E Aécio, que fez dois governos elogiados em Minas Gerais, que elegeu facilmente um tecnocrata, Alberto Anastasia, para seu sucessor, tem chance? 

Depende: 
Aécio manobra para conseguir o apoio de Eduardo Campos, para buscar o apoio de alguma dissidência, quem sabe, na base governista, para então definir seu caminho. Nas eleições da Câmara e do Senado, o PSDB votou com os candidatos do Governo - os altamente discutíveis Henrique Alves e Renan Calheiros - para garantir uns carguinhos na Mesa Diretora.

No Senado, o mais provável candidato tucano à Presidência, Aécio Neves, discursou. Justificou seu apoio à candidatura de Renan Calheiros, em nome da tradição de montar chapas lideradas pelo partido majoritário? 

Talvez tenha feito um discurso de oposição, dizendo que o Brasil merece respeito, que o Senado merece respeito, que o PSDB não poderia conformar-se em votar num candidato que, há cinco anos, teve de renunciar ao cargo para não ser cassado, diante de uma sucessão de escândalos?

Nada disso: 
Aécio Neves falou sobre a Petrobras. 
Não ficou sequer em cima do muro: 
preferiu fazer de conta que o muro nem existia.

O grande baluarte tucano, o Governo paulista, nas mãos do PSDB desde 1994, será alvo de chumbo grosso no ano que vem. Paulo Skaf, presidente da Fiesp, a Federação das Indústrias do Estado de S. Paulo, é candidato, e já tem o lendário Duda Mendonça a seu lado. 

Aloízio Mercadante (ou Alexandre Padilha, ou quem Lula mandar) terá o apoio do Governo Federal e do prefeito paulistano Fernando Haddad. Há Kassab, ainda, político extremamente hábil, capaz de compor um poderoso arco de alianças. 

Todos contra Alckmin - juntos ou separados, mas mesmo separados podendo unir-se no segundo turno para derrubar as muralhas do tucanato.

E Aécio, se acabar mesmo sendo candidato, precisará do apoio de Serra e Alckmin, a quem não se dedicou com grande fervor quando eram eles que necessitavam de seu prestígio.

Voltemos mais uma vez aos nomes. 
São os de sempre - os que sobreviveram ao tempo que se passou desde a fundação do PSDB. Só que um partido não vive eternamente da inércia, das vitórias de outras épocas. 

A militância foi esquecida. 
Franco Montoro, 
Sérgio Motta, 
Mário Covas deixaram espaços que até hoje não foram ocupados. 
O espaço para quem quiser fazer oposição continua vago.

* Felipe Mayer - É engenheiro

PRECISA-SE DE OPOSICIONISTA

Um comentário:

Anônimo disse...

agora entendi tudo, olha só, concordo. precisamos de oposição, mas oposição como essa que vocês aqui aplicam soa mais como piada do que como oposição séria(claro que para quem é analfabeto funcional ou ignorante vocês são os "caras"talvez seja esse o publico alvo, são mais fáceis né), e não da para se esperar muita coisa, vindo de quem é filiado ao PSDB, o problema, é que pelo visto nem os mandatários e nem que milita aprendeu a fazer oposição séria aposto que se fossem menos apelativos, e mais realistas, teriam muito mais comentários.
não sou petista não sou de esquerda, mas não aguento ver isso...com relação ao déspota frustrado, vale só lembra-los, que foi ele esse mesmo o cachaceiro(nossa como vocês são preconceituosos)é que não quis e mandou arquivar a alteração na constituição para ele poder ter direito a mais um mandato, coisa que o ilustre FHC não resistiu e aprovou a reeleição...mas é assim mesmo, cada um enxerga o que quer...