"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

outubro 15, 2012

ENQUANTO ISSO, NO PAÍS maravilha DOS FARSANTES... PIB: de 'piada' a filme de horror

 
O que era "piada" vai ganhando ares de filme de horror: 
o Brasil passou a figurar entre os patinhos feios do desenvolvimento no mundo. Entre as principais razões, está a mão pesada do Estado, que bagunça o ambiente econômico com mais intervenção, dirigismo, indefinições e insegurança jurídica.
O que é bom, como destravar investimentos, tanto públicos, quanto privados, o governo do PT não faz.

O país começou 2012 ouvindo augúrios róseos da equipe econômica de Dilma Rousseff. Depois de um 2011 difícil, teríamos chegado ao "fundo do poço" na virada do ano e estaríamos prontos para acelerar. A previsão oficial era de crescimento de, no mínimo, 4,5% neste ano.
Durante meses, esta foi a cantilena que o Ministério da Fazenda entoou, com contracantos animados ouvidos também no Palácio do Planalto.

Por mais que vozes sensatas chamassem a atenção para a desafinação que se notava em parte das atividades econômicas, especialmente na indústria, o governo fazia ouvidos moucos. A Fazenda e o Planalto sustentaram, por meses a fio, que as previsões pessimistas eram coisa de quem estava desinformada sobre o Brasil ou, pior ainda, de quem torcia contra ou queria ganhar no grito.

Passou o tempo e, com a confirmação de dois pibizinhos trimestrais seguidos, o vozerio se impôs: agora, até a previsão oficial feita pelo Banco Central estima crescimento de apenas 1,6% para o PIB brasileiro neste ano.
O número é praticamente o mesmo que o ministro Guido Mantega, apenas três meses atrás, havia ridicularizado como "piada", após ser prognosticado pelo banco Credit Suisse.

O BC percebeu que as famílias brasileiras não consumirão tanto, as importações do país não aumentarão como previsto antes e a indústria terá desempenho pior do que o imaginado. Nem a inflação estará totalmente controlada, fechando mais um ano - o terceiro seguido - acima da meta.
A previsão do PIB para os próximos 12 meses também é mais rigorosa do que a da Fazenda, com estimativa de 3,6%, ante os 4,5% de Mantega.

Nos últimos dias, mais duas instituições de peso firmaram consenso de que o Brasil vai mal. Para a (Cepal,) o crescimento brasileiro será o segundo pior entre os países da América Latina.

O governo de Dilma Rousseff só conseguirá superar o desempenho do Paraguai - país que, ressalte-se, vive situação de excepcionalidade e instabilidade institucional após a troca abrupta de seu presidente, em junho passado.

Outra previsão negativa veio do (FMI,) na semana passada, também convergindo para a piada sem graça do PIB na casa de 1,5% neste ano, numa machada feroz em relação ao prognóstico anterior, feito em julho, que estimava 2,5% de crescimento.
O Brasil será o país com pior desempenho entre os países dos chamados Bric, com somente metade da média global, de 3,3%.

Apenas para aquilatar a distância que nos separa do resto do mundo: 
a Rússia deve crescer 3,7%, a Índia, 4,9% e a China, 7,8%.

O maior problema é que estes prognósticos não são apenas exercícios de futurologia ou elucubração estéril em cima de números e cifras. Eles afetam o ânimo de quem quer investir, produzir mais, trabalhar em prol de um país melhor.
Em função dos maus resultados que vêm sendo colhidos pela nossa economia, e pelas baixas perspectivas de melhora no próximo ano, o Brasil vem perdendo o encanto.

Em sua edição de ontem, a (Folha de S.Paulo) mostrou que investidores estrangeiros estão "reduzindo o interesse" pelo país. Ao longo do governo Dilma, o investimento externo líquido em ações e títulos de dívida acumulado em 12 meses, por exemplo, caiu de 1,8% do PIB, em janeiro de 2011, para 0,3% em agosto passado.

Entre os fatores que justificam o temor dos investidores está a enorme voracidade que a gestão atual tem demonstrado para intervir na economia.

 A lista é grande e cada caso valeria uma análise mais detida:
desarranjo no setor elétrico, com incertezas sobre o futuro de contratos de concessão que terão validade de mais de 20 anos; interferências - em alguns casos até corretas - nas empresas de telecomunicações e uma investida brutal sobre as instituições financeiras, forçando um aumento de crédito muitas vezes artificial.

O Brasil Econômico informa hoje que as consequências sobre as companhias que operam nos mercados de energia, telecomunicações, bancário e de infraestrutura têm sido visíveis na forma de desvalorização acentuada de suas ações em bolsa. 

As quedas chegam a mais de 30% em menos de um mês, como é o caso da Cesp, após as intervenções de Brasília.

Em seu ranking sobre competitividade global, divulgado na semana passada, o Fórum Econômico Mundial considera que o Brasil é, entre 144 países, o que tem a mais excessiva regulação do governo, além de ser o 135° com maior desperdício de recursos públicos, mostra hoje (O Estado de S.Paulo.)

Trata-se de um modelo asfixiante, ineficiente e perverso.

O governo petista jamais se dignou a vir a público explicar por que a distância entre o que vocaliza e o que a realidade expressa é sempre tão grande. 

É possível que tenha dificuldade em justificar e admitir sua tremenda incapacidade de fazer o que o país espera: 
bem gerir os recursos públicos, aplicar com rigor o dinheiro do contribuinte e colaborar para que o empreendedor privado produza, gere trabalho e riqueza para os brasileiros.
Se pelo menos não atrapalhar, já vai estar ajudando.

Fonte: Instituto Teotônio Vilela
PIB: de 'piada' a filme de horror

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