"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

setembro 13, 2012

E NO brasil dos FARSANTES II ... Choque de alta voltagem

Redução de tarifa é bom e todo mundo gosta.

O problema começa quando, a pretexto de beneficiar o consumidor, o governo patrocina uma radical intervenção num setor cuja continuidade dos investimentos é crucial para o desenvolvimento do país.

As companhias de energia elétrica brasileiras estão sendo submetidas a um choque de alta voltagem que ninguém sabe ao certo no que vai dar.
Reina a escuridão.


A diminuição dos custos de energia é algo que há muito vem sendo reclamado no país.

Isto porque, apesar de ser uma das nações que mais usa a mais barata das fontes, a hidráulica, o Brasil aparece liderando os rankings globais de tarifas:
as nossas indústrias, por exemplo, pagam a quarta mais alta do mundo, 53% acima da média mundial e três vezes maior que a praticada nos EUA.

Na semana passada, Dilma Rousseff convocou cadeia nacional de rádio e televisão e - além de aproveitar o espaço institucional para fazer proselitismo político-partidário - anunciou que as tarifas ficarão 16,2% mais baixas para os consumidores residenciais e até 28% menores para as indústrias a partir de janeiro.

Até aí, uma beleza.
Mas o diabo deu as caras quando se soube os detalhes de como os preços baixariam.


Parte da redução se deve à eliminação de alguns das dezenas de penduricalhos que ornamentam as faturas de energia. O governo federal aceitou alterar a cobrança da RGR (Reserva Global de Reversão) e da CCC (Conta de Consumo de Combustíveis), criadas há décadas para, respectivamente, subsidiar a universalização do serviço e a produção de energia na Amazônia, que até pouco tempo atrás era toda gerada à base da queima de óleo.

No entanto, a fatia mais relevante do corte tarifário virá da diminuição do que é pago a geradoras, transmissoras e distribuidoras pela energia produzida.
O governo aproveitou o vencimento de uma montanha de contratos de concessão, concentrados em 2015 e 2017, para impor condições draconianas às companhias elétricas e antecipar mudanças que só ocorreriam daqui a três anos.

De quebra, deu um beiço nas indenizações que as empresas esperavam receber por investimentos realizados em seus ativos.
Pode estar em marcha uma brutal reestatização do setor.

Explica-se:
para renovar as concessões, as empresas precisarão aceitar preços até 60% mais baixos que os atuais. Há casos em que tamanho deságio tornará o negócio simplesmente um mico e será mais vantajoso às atuais concessionárias devolver a concessão à União, que pode ficar com um monte de ativos nas mãos.

Para piorar, o processo está sendo feito da forma mais opaca e autoritária que se pode imaginar, sem discussões maiores com os agentes do setor.
Decisões que afetarão, ao longo de décadas, os planos de dezenas de empresas de faturamentos bilionários estão sendo tomadas por meio de medida provisória, imposta goela abaixo.

Mudança como a atual deveria ser alvo, no mínimo, de projeto de lei a ser discutido e aperfeiçoado no Congresso - há quem defenda mesmo a necessidade até de emenda constitucional.

O consumidor pode até estar pensando:
"O que importa é que vou pagar menos".
Mas há um chavão no setor que cai como luva em resposta a esta equivocada impressão inicial:
a energia mais cara é aquela que não existe.

E é justamente este o risco que o país corre doravante.
Com o curto-circuito que Dilma e sua equipe estão gerando, o setor de energia no Brasil torna-se um negócio muito arriscado, no qual poucos irão se dispor a aventurar-se.

A consequência é a pior possível:
falta de investimentos.

As margens nas quais os burocratas de Brasília esperam espremer as empresas de energia serão, muitas vezes, incapazes de bem remunerar o serviço.
Com isso, não sobrarão recursos no caixa das companhias para financiar a ampliação do parque elétrico e sustentar a necessária expansão da economia nacional.

A reação não tardou a acontecer.

Nos últimos dois dias, as 24 empresas do setor que têm ações negociadas na Bovespa perderam R$ 21,3 bilhões em valor de mercado, informa
(O Estado de S.Paulo.). Num setor em que oscilações são tênues e quedas expressivas como as dos últimos dias, raras, empresas como a Cesp perderam 28% num único pregão.

A avaliação é uma só:
o governo quebrou contratos, pelo que, muito provavelmente, terá de enfrentar longas batalhas judiciais doravante.


O setor elétrico é apenas a mais nova vítima do intervencionismo voraz que o governo petista patrocina na economia. Nele reproduz-se agora o que já acontece há anos, por exemplo, na área de combustíveis.

E o que a manipulação dos preços da gasolina e do diesel produziu?
O desmonte da Petrobras - agora convertida numa empresa deficitária, apesar de deitada num esplêndido berço de petróleo - e a completa desestruturação do setor de etanol, do qual até pouco tempo atrás o Brasil era a maior estrela mundial.

Mais uma vez, o governo do PT transforma em lambança uma iniciativa que poderia render benefícios para a sociedade. O país precisa, sim, passar por importantes transformações estruturais, das quais a redução dos custos de produção, em especial de energia, é capítulo essencial.

Mas reformar a economia brasileira é tarefa que exige diagnóstico, diálogo e decisão ponderada. Tudo o que não cabe nos pacotes arbitrários que Brasília produz em série.

Fonte: Instituto Teotônio Vilela
Choque de alta voltagem


Um comentário:

To Fora disse...

Acho engraçado as coisas neste país.
Todo mundo tem preju[izo.
A PTbras, as concessionárias de energia elétrica, etc, etc e etc.
Com têem prejuízo?
O que dizem que é o custo delas aqui é uma mentira.
Quando falam que o custo é dez, pode apostar, está perto dos dois.
Meu pai foi diretor de usina de açúcar por 6 anos.
Os usineiros diziam que o custo do alcool, ' época, era de 8 cruzeiros, ou qualquer coisa parecida, por litro.
Pois bem, alcóol para quem não sabe é resíduo,portanto o custo é zero!
A Ptbrás diz que o custo do barril é de dez Reais. Um contador da PTbrás me confidenciou ser R$5,00. Eu, na época, disse a ele que não acreditava, pois a Shell afirmava que gastava R$3,00 de custo. Só um detalhe, os salários na Shell eram mais altos.mesmo barril nos é vendido pór mais de US$100.00, como ter prejuízo?
Se eu for falar de coutroscustos aqui, vão longas páginas.
Este