"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

julho 27, 2012

O MENSALÃO EXISTIU.

Nos próximos dias, o país assistirá a um verdadeiro tiroteio de versões sobre o mensalão e as condições que envolveram sua existência.

Pouco interessa.
O que importa é que houve, patrocinado pelo governo petista, um gigantesco esquema de desvio de dinheiro público para comprar o apoio de parlamentares no Congresso.

Há farta documentação a respeito; o resto é esperneio de quem deve, e muito, à Justiça.


Sete anos atrás, o país tomou conhecimento de que, para perpetuar-se no poder, o PT estava usando recursos públicos, desviados de contratos firmados por empresas estatais com agências de publicidade, para garantir o voto de deputados no Parlamento. Nascia, então, o mensalão, uma das maiores máculas da história política brasileira.

Uma das principais fontes de recursos que alimentou o esquema foram contratos de publicidade firmados entre o Banco do Brasil e a DNA Propaganda, agência de Marcos Valério, o operador do mensalão.

Dali saíram exatos R$ 152.833.475,00. Da Visanet, operadora de cartões de crédito na qual o BB tem participação expressiva, também vieram outros R$ 74 milhões, conforme pode ser lido no
relatório do ministro Joaquim Barbosa finalizado em dezembro.

Diante de tão aterradoras provas de que o dinheiro do contribuinte foi surrupiado, o PT, candidamente, insiste em dizer que, na realidade, tomou empréstimos bancários para quitar dívidas de campanha.

Seria, portanto, tudo legal e parte de mera operação financeira. Entretanto, nem a instituição por onde a dinheirama da corrupção foi movimentada corrobora esta torpe versão.


Em suas alegações sobre o mensalão, o Banco Rural assegura que o dinheiro tomado pelo PT veio, sim, de fontes públicas, conforme informa O Globo em sua edição de hoje.

Os recursos que irrigaram o "valerioduto" chegavam ao Rural originados de créditos recebidos de instituições públicas por outra agência de Valério, a SMP&B. Dali, saíam para engordar o bolso de parlamentares.


A alegação do Rural - que tem quatro dirigentes entre os réus do processo - é, apenas, mais uma evidência de que o dinheiro do contribuinte, que deveria ser utilizado para melhorar a vida dos cidadãos brasileiros, foi gasto para benefício do PT e de seu projeto de poder.

Um milionário esquema que só veio à tona porque um dos comensais se sentiu prejudicado por embolsar menos do que lhe prometeram.


As provas de que o mensalão existiu e de que se constituiu no maior duto de dinheiro público para bolsos privados que se conhece na história do país são abundantes na denúncia oferecida pelo então procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, em 2006.

"Negar a existência do mensalão é uma afronta à democracia", rememorou ele, em maio, em entrevista à revista
Veja.

Da perspectiva de quem fez a denúncia e acompanhou o processo até 2009, Souza não tem nenhuma dúvida:
o PT usou dinheiro público no seu organograma da corrupção.
"Digo que existe prova pericial mostrando que dinheiro público foi utilizado.
Repito: há prova pericial disso.

E o Supremo, quando recebeu a denúncia, considerou que esses fatos têm consistência", afirmou o ex-procurador-geral na entrevista de maio.


Não por acaso, a denúncia da PGR indica a montagem, pelo PT, de uma "sofisticada organização criminosa" dentro do aparelho estatal.

Os 38 réus do processo respondem por acusações de crimes de lavagem de dinheiro, corrupção passiva e ativa, peculato, evasão de divisas, formação de quadrilha e falsidade ideológica. Muitos dos delitos já foram reconhecidos e confessados pelos réus.


O PT, por meio de porta-vozes da estirpe de José Dirceu e Delúbio Soares, bate na tecla de que o "valerioduto" movimentou "apenas" recursos de caixa dois de campanha - o que configuraria, meramente, crime eleitoral, já prescrito.

Contudo, do ponto de vista ético e jurídico, isso não altera nada:
quando há apropriação de dinheiro público, não é a sua finalidade que vai descaracterizar o crime.


Não há a menor sombra de dúvida de que, assim que chegou ao Planalto, o PT montou um esquema para drenar os cofres do Estado e assegurar, assim, sua eternização no poder.

O mensalão foi descoberto e está prestes a ser punido pelo STF, no histórico julgamento que começa na semana que vem.
Não há versão ou tentativa de farsa que conseguirá reescrever esta história.


Fonte: Instituto Teotônio Vilela

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