Segundo os dados do BNDES, o País deve ter R$ 579 bilhões em investimentos em oito setores industriais entre 2012 e 2015 - valor 6% menor que os R$ 614 bilhões estimados no ano passado para o período 2011-2014. "Não dá para negar que fomos afetados pela crise mundial. Mas o Brasil ainda é um dos países onde há mais oportunidades", diz Fernando Puga, chefe do departamento de acompanhamento econômico do BNDES.
Outra pesquisa feita pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), com 1.202 empresas, aponta na mesma direção. O levantamento mostra que o volume de investimentos em máquinas e equipamentos será 11% menor este ano que em 2011, quando foram aplicados R$ 97,28 bilhões. As empresas vão deixar de investir R$ 7,6 bilhões na expansão da produção em 2012.
"Uma parte da indústria está ociosa por falta de demanda no mercado externo. Outra parte não consegue competir com os importados. Se você vende menos no mercado interno e a exportação cai, por que vai investir?", questiona José Ricardo Roriz Coelho, diretor do departamento de competitividade e tecnologia da Fiesp. Dos 14 setores pesquisados pela Fiesp, 11 vão reduzir os investimentos em 2012.
Vários fatores contribuem para o desânimo. No front externo, aumenta a expectativa sobre a saída da Grécia da zona do euro e a China desacelera mais forte que o previsto, derrubando os preços das commodities. No front interno, o crescimento baixo do PIB no trimestre também afeta o humor. "A indústria está estagnada, o que elevou a ociosidade e inibiu os investimentos", diz Júlio Sérgio Gomes de Almeida, consultor do Instituto de Estudos sobre o Desenvolvimento Industrial (Iedi).
Os especialistas estão mais receosos com o impacto da crise nos investimentos hoje do que quando a crise começou, em 2008. Naquela época, não houve cancelamento de projetos, porque a economia local se recuperou rápido e ainda havia esperanças que os países ricos fossem mais ágeis para sair da crise.
No primeiro trimestre, os investimentos diminuíram 1,8% em relação ao quarto trimestre de 2011, segundo o IBGE. Em abril, o consumo de máquinas caiu 6% em relação a março. "Está um clima de pasmaceira no mercado", diz Carlos Pastoriza, diretor da Abimaq, associação dos fabricantes de máquinas.
Raquel Landim e Renée Pereira, de O Estado de S. Paulo
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