As medidas de estímulo à economia anunciadas ontem pelo governo se resumem a políticas de curto prazo, incapazes de produzir impacto na economia este ano.
A avaliação é de Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, que deve revisar de novo para baixo a sua projeção para expansão do PIB em 2012, atualmente de 2%.
O GLOBO:
Como o senhor avalia o pacote de compras governamentais anunciado ontem?
SÉRGIO VALE:
Ajuda o setor automobilístico, como tem ocorrido na maior parte das vezes. O governo deve acreditar que este setor tem impacto gigantesco na economia brasileira. Mas não é verdade. Como consequência, não deve trazer praticamente nenhum impacto no crescimento deste ano.
Isso muda as projeções de crescimento para 2012?
VALE:
Nossa projeção, na MB, é de 2%, mas devemos revisar para baixo.
Em que medida os R$ 8,5 bilhões de gastos em setores específicos vão ter impacto na economia?
VALE:
Esse valor é de 0,2% do PIB.
Se fosse integralmente gasto e tivesse um efeito multiplicador de 2, poderíamos ter um impacto de 0,4% no crescimento. Mas, como estamos falando de um PIB entre 1% e 1,5%, continua sendo verdade que o PIB vai crescer abaixo de 2%. Mais ainda, compras feitas neste ano não se repetem em 2013, então vamos ver números baixos nesses setores ano que vem. Ou seja, política de curto prazo não funciona.
Que medidas poderiam pôr o país de novo na trajetória de crescimento?
VALE:
Tudo o que não está sendo feito hoje e que Colômbia, Chile e Peru estão fazendo. Enquanto seguirmos a linha keynesiana fajuta de Argentina, Venezuela, Equador e Bolívia vamos ter crescimento medíocre como esses países.
Paulo Justus sérgio vale O Globo
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