Aos 30 anos de idade, Kleber Marques do Nascimento trabalha duro para manter o padrão de vida. Pai de três meninas e com um enteado, o brasiliense serve café e água durante o dia na Esplanada dos Ministérios e, à noite, é vigia de uma mansão no Lago Sul.
Ele só tem descanso a cada 24 horas, quando dedica o tempo para buscar os filhos na escola e realizar atividades com as crianças. Em alguns fins de semana, ainda faz bico para complementar a renda de R$ 2 mil.
Morador do Paranoá, Nascimento é uma prova de que, muito além do seleto grupo de autoridades que embolsa salários acima do teto constitucional, de R$ 26,7 mil, a Esplanada é formada de pessoas que acordam de madrugada e dedicam a sua vida para conseguir viver com dignidade.
Em sua maioria terceirizados, esses trabalhadores andam pelos mesmos corredores em que circulam ministros, secretários de estados, juízes, desembargadores e diretores de estatais. No entanto, por causa do troca troca das empresas fornecedoras de serviços, muitas vezes, eles não têm recebido sequer o que lhes é garantido pela Constituição.
Enfrentam atraso dos salários, do 13º e das férias. Pior do que isso, quando a empresa desaparece sem honrar contratos, ficam sem as verbas rescisórias e sem os depósitos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
Nascimento, embora tenha hoje seus salários pagos em dia, está há cinco anos sem férias por causa do entra e sai das firmas. Além disso, aguarda na Justiça uma causa no valor aproximado de R$ 14 mil, referente a uma dívida de uma empresa que fechou as portas e deu o calote nos empregados. "A boa notícia é que terei férias em novembro", comemora. A rotina é cheia de desafios.
"De dia, ando muito nos corredores do prédio e, à noite, brigo com o sono. Mas vejo que tudo vale a pena quando a minha caçula, de 3 anos, me liga e pergunta se vou para casa naquele dia", diz.
So-ho
A auxiliar de serviços gerais Carla Nunes de Paula, 27, acorda às 4h30. Moradora de Taguatinga, para chegar à Esplanada antes das 7h, horário em que precisa bater o ponto, ela pega o ônibus das 5h40. Desce na W3 Sul, vai a pé até a Rodoviária do Plano Piloto e pega o transporte da empresa até o Ministério do Exército.
Há dois anos e três meses na função e com salário de R$ 738, Carla precisou trancar a faculdade de administração porque não conseguia pagar as mensalidades.
O tíquete-alimentação, no valor de R$ 350, ajuda nas despesas de casa. Agora, quer retomar os estudos, mas ainda não sabe como. "Meu sonho mesmo é fazer pedagogia e dar aula para as crianças. Mas emprego hoje não está fácil", diz.
Carla também está na Justiça para receber cerca de R$ 10 mil de uma terceirizada.
Quando estava sem receber os salários em dia, fez um empréstimo consignado, com desconto na folha de pagamento. Ela reclama que a firma descontou os valores do contracheque, mas não repassou para o banco. Agora, ela precisa pagar uma dívida de R$ 3 mil.
Diante de tudo isso, os salários de até R$ 50 mil recebidos por autoridades, incluindo participações em conselhos administrativos e fiscais de estatais, os chamados jetons, são uma realidade muito distante.
"É vergonhoso", considera.
Ele só tem descanso a cada 24 horas, quando dedica o tempo para buscar os filhos na escola e realizar atividades com as crianças. Em alguns fins de semana, ainda faz bico para complementar a renda de R$ 2 mil.
Morador do Paranoá, Nascimento é uma prova de que, muito além do seleto grupo de autoridades que embolsa salários acima do teto constitucional, de R$ 26,7 mil, a Esplanada é formada de pessoas que acordam de madrugada e dedicam a sua vida para conseguir viver com dignidade.
Em sua maioria terceirizados, esses trabalhadores andam pelos mesmos corredores em que circulam ministros, secretários de estados, juízes, desembargadores e diretores de estatais. No entanto, por causa do troca troca das empresas fornecedoras de serviços, muitas vezes, eles não têm recebido sequer o que lhes é garantido pela Constituição.
Enfrentam atraso dos salários, do 13º e das férias. Pior do que isso, quando a empresa desaparece sem honrar contratos, ficam sem as verbas rescisórias e sem os depósitos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
Nascimento, embora tenha hoje seus salários pagos em dia, está há cinco anos sem férias por causa do entra e sai das firmas. Além disso, aguarda na Justiça uma causa no valor aproximado de R$ 14 mil, referente a uma dívida de uma empresa que fechou as portas e deu o calote nos empregados. "A boa notícia é que terei férias em novembro", comemora. A rotina é cheia de desafios.
"De dia, ando muito nos corredores do prédio e, à noite, brigo com o sono. Mas vejo que tudo vale a pena quando a minha caçula, de 3 anos, me liga e pergunta se vou para casa naquele dia", diz.
So-ho
A auxiliar de serviços gerais Carla Nunes de Paula, 27, acorda às 4h30. Moradora de Taguatinga, para chegar à Esplanada antes das 7h, horário em que precisa bater o ponto, ela pega o ônibus das 5h40. Desce na W3 Sul, vai a pé até a Rodoviária do Plano Piloto e pega o transporte da empresa até o Ministério do Exército.
Há dois anos e três meses na função e com salário de R$ 738, Carla precisou trancar a faculdade de administração porque não conseguia pagar as mensalidades.
O tíquete-alimentação, no valor de R$ 350, ajuda nas despesas de casa. Agora, quer retomar os estudos, mas ainda não sabe como. "Meu sonho mesmo é fazer pedagogia e dar aula para as crianças. Mas emprego hoje não está fácil", diz.
Carla também está na Justiça para receber cerca de R$ 10 mil de uma terceirizada.
Quando estava sem receber os salários em dia, fez um empréstimo consignado, com desconto na folha de pagamento. Ela reclama que a firma descontou os valores do contracheque, mas não repassou para o banco. Agora, ela precisa pagar uma dívida de R$ 3 mil.
Diante de tudo isso, os salários de até R$ 50 mil recebidos por autoridades, incluindo participações em conselhos administrativos e fiscais de estatais, os chamados jetons, são uma realidade muito distante.
"É vergonhoso", considera.
CRISTIANE BONFANTI Correio Braziliense
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