A expectativa é de analistas do mercado, caso a estatal não reajuste logo os preços dos combustíveis. As perdas acumuladas pela estatal desde 2003 por causa da defasagem dos preços dos combustíveis chegam a R$ 14,1 bilhões.
Só no ano passado, foram de R$ 7,8 bilhões.
Cálculos feitos pelo Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) concluíram que a gasolina vendida nas refinarias da Petrobras está cerca de 21% mais barata em relação aos preços do mercado americano. Já o preço do óleo diesel tem uma defasagem de 23%.
O diretor do CBIE, Adriano Pires Rodrigues, destacou que de 31 de dezembro passado até o último dia 28, o petróleo do tipo Brent no mercado internacional acumulou uma alta de 14,7%. Para o executivo, com o ligeiro recuo da inflação brasileira, o momento seria ideal para o governo aumentar os preços da gasolina e do diesel.
- A defasagem dos preços só não é maior graças à forte valorização do real frente ao dólar. Existe um conjunto de fatores que levam a acreditar que este é o momento adequado para um reajuste - afirmou.
Estatal não cogita aumentar preços no momento
Segundo fontes na Petrobras, a estatal não cogita reajuste dos preços da gasolina e do diesel neste momento. Até porque a atual alta das cotações do petróleo no exterior se deve a fatores geopolíticos e a estatal não transfere para o preço cobrado no mercado doméstico.
O analista Luiz Otavio Broad, da Ágora Corretora, disse que a defasagem dos preços aumentou não só pelo aumento do barril do petróleo no exterior, mas também devido ao crescimento das importações de gasolina pela Petrobras.
- Agora, a Petrobras tem que importar muita gasolina para atender ao forte consumo e, com isso, a defasagem fica maior. Quanto mais rápido forem reajustados os preços, melhor seria para a Petrobras - destacou.
O analista da Ágora é pessimista em relação aos resultados da Petrobras não apenas neste primeiro trimestre, mas em todo este ano. Para Broad, 2012 não será muito bom para a estatal por causa da defasagem de preços dos combustíveis e devido ao pequeno aumento da produção de petróleo.
- A perspectiva de curto prazo é um pouco mais negativa. E a produção de petróleo só deverá crescer significativamente no próximo ano - disse o analista.
Pires destacou que, além da inflação menor, um aumento dos combustíveis agora seria positivo para a nova presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster.
- Isso reforçaria a imagem de Graça Foster de ser uma técnica, e mostrar uma certa autonomia da Petrobras em relação à sua política de preços - afirmou Pires.
Em outubro, a Petrobras reajustou em 2% o diesel e em 10% a gasolina nas refinarias. Para não refletir em aumento nos postos, o governo federal reduziu a Cide (imposto que incide sobre os combustíveis).
Pires lembrou que a arrecadação da Cide está em R$ 0,09 por litro, contra R$ 0,23 no passado.
Ramona Ordoñez O Globo
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