"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

março 12, 2012

NO brasil maravilha DA GERENTONA FRENÉTICA/EXTRAORDINÁRIA "DOTÔRA", HOJE "PRESIDENTA" : FERRUGEM NA INDÚSTRIA


O setor que já foi o mais dinâmico da economia brasileira está definhando.

A indústria vem perdendo espaço na atividade produtiva nacional, pondo em risco empregos de melhor qualidade e remuneração mais alta.

O motor que costuma acelerar o desenvolvimento das nações está enferrujado no Brasil.


São vários os indicadores que sugerem a perda de importância da indústria frente aos demais setores econômicos. É natural que, quanto mais um país avance, mais o segmento de serviços cresça.

Entretanto, este processo é mais saudável quando a economia já atingiu um grau decente de desenvolvimento, o que ainda não é o nosso caso.


A indústria vem perdendo espaço no PIB e na pauta exportadora. Sua produtividade e os empregos gerados na cadeia produtiva são também cadentes. Ao mesmo tempo, o setor vê seu espaço no mercado interno ir sendo tomado por produtos importados.

Na sexta-feira, a Folha de S.Paulo trouxe um indicador revelador do retrocesso por que passa a indústria brasileira:
a participação do setor no PIB brasileiro recuou a níveis da época do governo Juscelino Kubitschek.

De lá para cá, a indústria se diversificou, mas seu peso relativo diminuiu.

"No ano passado, a indústria de transformação - que compreende a longa cadeia industrial que transforma matéria-prima em bens de consumo ou em itens usados por outras indústrias - representou apenas 14,6% do PIB.
Patamar menor só em 1956, quando a indústria respondeu por 13,8% do PIB", resumiu o jornal.

A indústria foi o patinho mais feio da ninhada de maus resultados do Pibinho do ano passado. Cresceu só 1,6%, no pior desempenho entre os setores da economia.

A indústria de transformação, que concentra as atividades mais poderosas, estacionou - com alta de apenas 0,1% em 2011.

Se a coisa foi ruim no ano passado, neste a situação não vai nada bem. Em janeiro, informou o IBGE na quinta-feira, a indústria brasileira recuou 2,1% em comparação com dezembro. Em mais da metade (14) dos 27 ramos, houve queda na produção.

O tombo mais forte foi entre bens de capital, justamente os que indicam que um país está investindo em maquinário e se preparando para dias melhores:
a queda frente a dezembro foi de 16%.

Trata-se de algo que não se via em tal magnitude desde o epicentro da crise de 2008.

Ainda segundo o IBGE, o acumulado em 12 meses passou ao terreno negativo (-0,2%) pela primeira vez desde o início de 2010. Desde outubro de 2010, quando marcava 11,8% positivos, este indicador só fez cair.

Em oito dos últimos 12 meses, a indústria como um todo recuou ante o mês anterior.

A indústria brasileira não só produz menos, mas também obtém menos mercado no exterior. A reversão, neste caso, é impressionante:
de um superávit comercial de US$ 8,5 bilhões em 2005, o segmento de manufaturados mergulhou para um déficit de US$ 92 bilhões em 2011.

Parece difícil acreditar.

O peso dos produtos industriais nas exportações brasileiras diminuiu muito desde 2002. Passou de 54,7% para 36,1% em 2011. Ao mesmo tempo, o mercado interno foi sendo cada vez mais servido por produtos importados.

No ano passado, esta participação atingiu recorde de 22,8%, o dobro de nove anos antes (11,1%).

A produtividade industrial também vem caindo. Segundo o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), a média de quanto é produzido na indústria ponderado pelo número de horas trabalhadas recuou 0,2% em 2011.

Foi o segundo pior desempenho em dez anos.

A presidente Dilma Rousseff considera a situação reversível. "Tem queda na indústria, mas dá para reverter. Não daria se deixássemos continuar por dois, três anos. Agora dá e vamos fazer o possível e o impossível para defender a indústria nacional", afirmou a presidente ao blog de Luis Nassif.

O problema é que o retrocesso industrial não é de agora, já vem de longa data. Neste ínterim, o governo do PT limitou-se a medidas pontuais de limitada valia.

Na maior parte dos casos, optou por escolher setores beneficiados, em detrimento da adoção de uma política ampla e estruturante para o setor produtivo. Também apelou para o protecionismo.

O Brasil vem perdendo espaço, e a indústria em especial, porque o país abusa de uma estrutura institucional, mas também física, igual à de anos atrás. Não houve avanços significativos nas reformas de Estado, na redução dos custos de produção, nas condições logísticas.

"O Brasil perdeu competitividade porque se transformou em um país caro demais. A tributação tornou-se muito alta, assim como os custos da energia, da logística, dos encargos trabalhistas e do investimento", resume Pedro Luiz Barreiros Passos, presidente do Iedi.

A realidade é que o país ressente-se da falta de medidas estruturais. De nada vai adiantar acionar um "arsenal infinito", com ações tomadas "a cada semana", como promete Guido Mantega.

Para um país que quer ser grande, impõem-se soluções também grandiosas, ousadas, estruturantes. Tudo o que não se viu nas medidas ditadas pelo PT até agora.

Fonte: Instituto Teotônio Vilela
Ferrugem na Indústria

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