"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

fevereiro 10, 2012

E NO brasil maravilha... A POLÍTICA "DA OU NA" PETROBRAS : Sobrecarga derruba Petrobras

A Petrobras sentiu o peso da sobrecarga que o governo vem lhe impondo.

A maior companhia do país apresentou ganhos decepcionantes em 2011. Seu desempenho foi afetado, principalmente, por decisões que têm se mostrado muito mais políticas do que empresariais.


O lucro líquido da Petrobras caiu à metade no último trimestre do ano passado. Foram R$ 5,6 bilhões a menos em caixa no período, no pior resultado desde o início de 2007, segundo levantamento feito pela consultoria Economatica.
No ano, a queda do lucro foi menor: 5,5%.


A empresa paga o preço por políticas equivocadas que tem tido de perseguir por determinação do Planalto. Entre as mais danosas estão a participação obrigatória na exploração do pré-sal, a necessidade de respeitar conteúdos nacionais mínimos em suas encomendas e o subsídio para manter baixos os preços dos combustíveis no mercado interno. O câmbio também pesou.

Com o consumo em alta e as capacidades de produção e de refino estacionadas, a Petrobras tem tido de apelar para petróleo bruto e derivados vindos de fora. Só a importação de gasolina cresceu 400% no ano passado.

Como o valor que pratica internamente é menor do que paga no exterior, a companhia só embolsa prejuízo.

Em 2011, deixou de arrecadar R$ 7,9 bilhões com a diferença dos preços do diesel e da gasolina nos mercados internacional e doméstico, estima o Centro Brasileiro de Infraestrutura. Nos últimos oito anos, o rombo chega a R$ 12 bilhões.


A empresa também se vê às voltas com encomendas que lhe saem muito mais caras do que se pudessem ser compradas com liberdade no mercado global. É o caso das sondas para perfuração de águas ultraprofundas do pré-sal.

Por terem de ser construídas no país, como parte de uma política de valorização de conteúdo local, apresentam preços muito acima do mercado: o afretamento de cada unidade custa em torno de meio milhão de dólares por dia.


Já as obrigações impostas à companhia para exploração do pré-sal tendem a lhe causar transtornos crescentes. Pelas regras fixadas, todo consórcio deve ter pelo menos 30% de participação estatal.

O que poderia parecer uma dádiva resulta, na realidade, em elevado risco incorrido, como pôde ser conferido já no ano passado: só com a perfuração mal sucedida de poços secos, a Petrobras dispendeu R$ 717 milhões no último trimestre.


"Ao dar asas à ideia de dar à Petrobras sólido controle da exploração do pré-sal e, ao mesmo tempo, transformá-la num poderoso cartório de distribuição de benesses a produtores de equipamentos, o governo estava fascinado com os enormes benefícios políticos que poderia extrair desse arranjo", avaliou Rogério Furquim Werneck em artigo n'O Globo no início do mês.

A Petrobras tem um ambicioso plano de investimentos pela frente, pelo qual deverá aplicar US$ 224,7 bilhões até 2015. Mas também neste quesito não tem conseguido atingir suas metas: no ano passado, o resultado ficou em R$ 73 bilhões, bem abaixo dos R$ 84,7 bilhões previstos.

A produção da empresa em 2011 também foi fraca, com avanço de mero 0,9%. Mais uma vez, a meta não foi atingida. No ritmo atual, a Petrobras chegará ao fim da década produzindo 30% menos que o previsto, segundo relatório do banco Credit Suisse citado recentemente pela revista Veja.

Para completar o quadro, a Petrobras foi a segunda companhia que mais perdeu valor de mercado em todo o mundo em 2011, abaixo apenas do Bank of America.

Evaporaram US$ 72,4 bilhões, conforme levantamento feito pela Bloomberg News junto a mais de 5 mil corporações globais.
(A reação de suas ações neste início de ano permitiu-lhe recuperar parte da perda.)


Ontem, a companhia mudou seu comando. Graça Foster substituiu Sergio Gabrielli na presidência e mais dois diretores foram trocados. Não está muito claro se a ascensão da técnica de carreira, em oposição ao político militante que durante sete anos e sete meses esteve à frente da empresa, vai alterar os rumos ziguezagueantes da Petrobras.

O que se mostra cristalino é que a maior companhia do país mostra-se hoje vergada pelo sobrepeso que o governo do PT lhe impôs.

A Petrobras deve, sim, apoiar políticas públicas, mas a condição para isto é que sobreviva como empresa lucrativa.

Canibalizada como ela está, o poço pode secar rapidamente.


Fonte: Instituto Teotônio Vilela
Sobrecarga derruba Petrobras

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