Os esforços do governo para segurar a atividade econômica - incluindo o pacote de desonerações para incentivar o consumo e o crédito anunciado em dezembro - não impediram que boa parte da riqueza que o país conseguiu acumular em 2010 fosse perdida em 2011.
Se o Produto Interno Bruto (PIB) tivesse o crescimento real esperado no início do ano passado, de 4,5%, e considerando o IPCA de 6,5%, ele terminaria o ano em R$4,08 trilhões, com um ganho de R$404,3 bilhões.
A equipe econômica, no entanto, já trabalha com um crescimento em torno de 3%. Isso significa que o resultado final pode ficar em R$4,024 trilhões, com ganho de R$350 bilhões em relação a 2010. A perda potencial de PIB provocada pela desaceleração da atividade deve ser confirmada em, ao menos, R$54 bilhões.
O montante é superior aos R$20 bilhões injetados na economia pelo governo por meio do Programa Brasil Maior e mesmo aos R$7 bilhões do último pacote de incentivos. Também é superior aos R$23 bilhões que o reajuste do salário mínimo custará aos cofres públicos e com o qual a equipe econômica conta para recuperar o PIB em 2012.
Governo corre atrás do prejuízo, diz consultor
Segundo o consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) Julio Sérgio Gomes de Almeida, o governo errou na mão ao pisar no freio da economia em 2011, mas tenta correr atrás do prejuízo. Para ele, o resultado dessa desaceleração vai ser o início de 2012 com crescimento fraco e investimento "desanimado".
- A produção industrial e as vendas desaceleraram. É claro que vai haver um certo desânimo no mercado - disse Almeida.
A produção industrial estava crescendo a 1,53% até agosto, sendo que o percentual baixou para 1,48% até setembro e, para 1,21% até outubro. Já as vendas, com alta de 12,77% até agosto, caíram para 12,24% até setembro e, para 11,8% até outubro.
O setor automotivo, por exemplo, que costuma ser um dos principais termômetros, registrou queda de quase 7,5% no número de licenciamentos entre outubro e setembro de 2011. Mas ele não foi o único impactado.
A elevação das taxas de juros no primeiro semestre de 2011 para conter a inflação fortaleceu o real e prejudicou o setor exportador. Ao mesmo tempo, essas empresas também tiveram de lidar com a concorrência dos importados que entraram no Brasil a preço mais baixo para atender a consumidores que foram desestimulados por medidas de restrição ao crédito.
Martha Beck O Globo
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