O resultado deixou para trás a meta central de 4,5% e ampliou as chances de a inflação encerrar 2011 acima do limite estabelecido, de 6,5%. A despeito do sacrifício dos consumidores, o governo jogou a toalha.
O IPCA subiu 7,31% nos últimos 12 meses — maior valor desde maio de 2005 — e, embora o Banco Central mantenha o discurso otimista, esperando uma desaceleração até o fim do ano, o Palácio do Planalto e o Ministério da Fazenda já não veem problemas em a carestia ficar acima do teto.
Desde que seja garantido, no mínimo, um crescimento de 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB).
Apesar da piora no cenário da inflação, endossada inclusive pelo próprio BC no último relatório trimestral sobre o tema, a preocupação maior da presidente Dilma Rousseff é garantir empregos e expansão econômica nos próximos anos.
Mesmo que não sejam alcançados números exuberantes, a ordem é crescer sempre. Desta vez, com impulso da política monetária — diferentemente de 2008, quando o lado fiscal ditou o avanço do país.
Segundo analistas, o papel de instigador caberá ao presidente do BC, Alexandre Tombini, que, sob a batuta de Dilma, patrocinará uma redução da taxa básica de juros (Selic) "moderada", segundo ele próprio.
Para o Itaú Unibanco, o país caminha em direção a uma alíquota de um dígito — para 9% — ao fim de 2012. "O governo tem enfatizado o papel central da política monetária na reação à crise, anunciando uma intenção de não recorrer a estímulos adicionais de política fiscal", destacou Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú Unibanco.
"A inflação, entretanto, seguirá relativamente alta", completou.
Diante da certeza de que a inflação deste ano está praticamente perdida, o mercado colocou o BC contra a parede e, na bolsa de apostas, acredita-se que, nem em 2012, o IPCA ficará no centro da meta de 4,5%. Apenas em 2013 esse objetivo teria chances de ser alcançado.
"As previsões para o indicador em 2012 relutam em cair devido à rigidez da inflação, oriunda, por exemplo, do aumento nos preços de serviços", explicou Octavio de Barros, economista-chefe do Bradesco.
O salto do IPCA em 2011, segundo Barros, causará grande impacto na carestia do próximo ano.
As pressões sobre o custo de vida vêm de todos os lados. Os serviços têm sido um dos vilões para o orçamento familiar. O cabeleireiro subiu 6,08% no ano, enquanto os serviços bancários avançaram 12,25%.
As passagens aéreas foram responsáveis pelo avanço do grupo transporte, ao dispararem 31,48%.
Itens indispensáveis na mesa do brasileiro também estão em escalada, como o feijão carioca (6,14%) e o arroz (1,97%).
Até a cervejinha ficou 1,34% mais cara.
Victor Martins Vera Batista Ana Carolina Dinardo Correio Braziliense
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