"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

setembro 03, 2011

"BRASIL SEGUE MUDANDO" NO GOVERNO "PREPOSTO" DO CACHACEIRO SÓRDIDO : PIB em voo de galinha.

Amarrado por uma taxa de juros de 12,5% ao ano (a maior do mundo, descontada a inflação), o Brasil desacelerou no segundo trimestre deste ano.

O passo mais curto, medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi de 0,8% em relação aos três primeiros meses, contra um avanço de 1,2% nesse período, na comparação com o anterior (outubro, novembro, dezembro).

Ficou provado, pois, que passava da hora de folgar o garrote monetário, o que começou a fazer esta semana o Banco Central, com corte de 0,5 ponto percentual na Selic, medida que surpreendeu o mercado, cuja aposta era na manutenção do índice.

Mas, recebida como ousada, a decisão do BC ainda deixa o país a longa distância do segundo colocado no campeonato mundial dos juros, a Hungria, com 2,4% ao ano (contra nossos atuais 12%).

E o problema do crescimento pífio do PIB está igualmente longe de se restringir a essa questão.

Outro ponto fatal é a carga tributária. Além de alta, é a mais intricada do planeta, com grande variedade de impostos e contribuições, o que também contribui para elevar os custos.

Somem-se a essas graves distorções problemas como a máquina pública cara e ineficiente, a excessiva valorização do real, a inflação, a precariedade da infraestrutura e o complexo arcabouço legal.

Não à toa, a indústria brasileira avançou reles 0,2% de abril a junho, ante janeiro a março.

Desempenho pior, só sob os efeitos do turbilhão da crise internacional de 2008, no terceiro trimestre de 2009, quando a atividade recuou 7,7% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Não por acaso, também, o governo lançou, no início do mês passado, o Plano Brasil Maior, pacote com ares de nova política industrial.

O programa oferece dinheiro público a custos mais em conta, ao mesmo tempo em que desonera investimentos. É uma pisada no acelerador, mas com um motor sem potência para adquirir a velocidade desejada.

Enquanto não se enfrentar as questões em seu conjunto, o drama do voo da galinha, de curta altura e distância, perseguirá o Brasil, sétima maior economia do planeta.

A falta de competitividade põe a perder, por exemplo, parte da força que vem do emprego e da renda. Em vez de comprar mais produtos nacionais, aumentamos as importações da China.

Em vez de expandir nossas vendas para o exterior, perdemos importante espaço no mercado internacional. Enfim, falta-nos tecnologia, falta mão de obra qualificada, educação de qualidade; sobram-nos gargalos.

Sobretudo, faltam-nos determinação e ousadia.

O Brasil há décadas discute reformas essenciais que jamais são implementadas.

Hoje, a mais importante delas — comprova-o a inépcia demonstrada todos esses anos pelo Congresso Nacional — é a política. Projetos emperram, leis caducam, fiscalizações são negligenciadas, custos se multiplicam e o país não entra nos eixos. Sozinho, o eleitor pode muito pouco diante de partidos com programas de fachada e candidatos de ocasião, muitos deles fichas sujas interessados apenas na impunidade assegurada pelo cargo.

É hora de acordar o gigante, para que produza todas riquezas de que o cidadão necessita.

Correio Braziliense

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