Caiu ontem o quarto ministro do governo Dilma.
Assolado por denúncias de corrupção, tráfico de influência e atuação em franco desacordo com os padrões éticos, Wagner Rossi pediudemissão do cargo que ocupava desde março de 2010.
Só time que está perdendo é obrigado a mudar tanto em tão pouco tempo.
Em menos de oito meses de gestão, a saída de Rossi é a sexta mexida na Esplanada. Três delas decorreram de envolvimento em casos de corrupção: Antonio Palocci (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transportes) e o próprio Rossi. Uma mudança (Nelson Jobim, da Defesa) resultou de desavenças com a presidente e outras duas de pura deficiência de desempenho (Luís Sérgio e Ideli Salvatti, que intercambiaram Relações Institucionais e Pesca).
Ou seja, decorridos 229 dias da atual gestão 15% dos 38 ministros já foram trocados. Sem falar no sem-número de exonerados por envolvimento em irregularidades. Que gerente eficiente é obrigada a demitir e a remontar tantas vezes sua equipe em tão curto espaço de tempo?
Dilma Rousseff foi apresentada ao eleitorado no ano passado como alguém que era pura competência no trato com as lides da administração pública. Rigorosa na escolha de auxiliares, eficiente na execução de tarefas e operosa na realização de obras e ações. A personagem vendida pelo competente marketing eleitoral petista ainda não debutou no governo.
O ministro mais importante da Esplanada - sempre apresentado como "de inteira confiança" da presidente - caiu por não poder explicar como seu patrimônio se multiplicou às dezenas num curtíssimo espaço de tempo. Coabitava o mesmo palácio da chefe. Os outros dois demitidos ocupavam pastas cruciais para o desenvolvimento do país: Transportes e Agricultura. Foram todos, pois, mal escolhidos pela presidente
No quesito realização, Dilma não tem o que mostrar até agora. Seu mais vistoso programa, o PAC, executou, até julho, apenas 7,8% do total de obras novas programadas para o ano, mesmo estando livres do bloqueio de gastos promovido no início do governo, como mostrou a (Folha de S.Paulo) no domingo.
Já a dita "faxina" de Dilma continua a reboque da imprensa e de uma ou outra investigação de órgãos de Estado, como a Polícia Federal. Há exatos dez dias, Rossi merecera do Planalto uma nota oficial de apoio, na qual a presidente manifestava "confiança" no subordinado - mesmo tratamento dispensado no início de julho a Alfredo Nascimento, que, dois dias depois, também saiu dos Transportes.
Alguns tentam ver nas substituições o afastamento de nomes impostos por Luiz Inácio Lula da Silva à atual presidente. Dilma estaria aproveitando para pôr gente sua para cuidar das pastas. Sob esta ótica, as demissões seriam, pois, convenientes a ela. Só crê nisso quem quer ser enganado.
A presidente aceitou de bom grado a herança que Lula lhe deixou. Mais que isso, ela foi, junto com o ex-presidente, arquiteta deste legado. O que veio de Lula é o mesmo que saiu de Dilma. Não há interrupções nesta linha contínua.
Se não fosse a revelação dos casos de corrupção, os ministros defenestrados estariam agora nos mesmíssimos cargos para os quais Dilma os nomeara em 1º de janeiro. Só por terem sido pegos com a boca na botija, a presidente teve de amargar a necessidade de afastá-los. Se não fosse isso, a palavra "faxina" não teria sido ouvida.
O que está se tornando regra na atual gestão é que ministros e altos dirigentes do governo ou são demitidos por envolvimento em corrupção ou são presos por ordem da Justiça. A gerente montou muito mal o seu time.
Fonte: ITV
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