O chefe da Polícia Federal no Espírito Santo, delegado Sérgio Menezes, pediu demissão do cargo ontem.
Em carta ao diretor-geral da PF, Leandro Daiello Coimbra, ele alegou formalmente razões de "foro íntimo", mas o que levou o delegado de fato a renunciar ao posto foi o isolamento a que se considera submetido pelo governo Dilma Rousseff.
O delegado não aceita o que classifica de "desrespeito a um profissional apolítico".
Menezes está há 15 anos na PF, período em que dirigiu investigações sobre alguns dos mais emblemáticos e recentes episódios da República. Foi de sua responsabilidade o inquérito sobre o dossiê dos cartões corporativos da gestão Fernando Henrique Cardoso.
Em 2008, para identificar quem acessou clandestinamente arquivos com dados sobre gastos de FHC, o delegado vasculhou a Casa Civil , na época sob comando de Dilma.
Amparado em ordem judicial e manifestação expressa do Ministério Público Federal, Menezes confiscou cinco laptops e dois computadores de mesa usados por servidores próximos à então ministra.
Menezes indiciou o ex-secretário de controle interno da Casa Civil José Aparecido Nunes por violação de sigilo funcional e remeteu os autos ao Supremo Tribunal Federal porque deparou, no curso da ação, com autoridades protegidas por foro privilegiado perante a corte máxima.
O que desconforta o delegado é que, no início deste ano, foi indicado para assumir a chefia da Diretoria de Administração e Logística, cargo estratégico no topo da hierarquia da PF.
A indicação de Menezes foi formalizada em 21 de fevereiro. No ofício 75/11, o diretor-geral da PF comunicou o secretário executivo do Ministério da Justiça, Luiz Paulo Teles Barreto, sobre sua decisão de exonerar o delegado do comando da PF no Espírito Santo e promovê-lo à Logística. Menezes assumiria a cadeira ocupada pelo delegado Rogério Augusto Viana Galloro.
O remanejamento tem de ser corroborado pelo Ministério da Justiça e pela Casa Civil. Até hoje, nenhuma das duas instâncias se manifestou. Menezes interpreta o silêncio do Planalto como "um descaso inadmissível".
Por isso, renunciou.
Ele havia assumido a superintendência capixaba em 4 de agosto de 2009. A unidade conta com 1,4 mil policiais. Nesses dois anos, Menezes firmou parcerias com a Justiça para combater fraudes nas eleições, deflagrou operações de combate ao crime organizado e ao narcotráfico.
O delegado disse a colegas em Vitória e em Brasília que não pode afirmar que se tornou alvo de retaliação por causa do inquérito em que colocou a Casa Civil contra a parede.
"Posso afirmar que há uma indicação do diretor-geral até hoje sem solução."
Ontem, pelo memorando 2949/11, endereçado ao diretor-geral, Menezes pediu exoneração.
Fausto Macedo O Estado de S. Paulo
Em carta ao diretor-geral da PF, Leandro Daiello Coimbra, ele alegou formalmente razões de "foro íntimo", mas o que levou o delegado de fato a renunciar ao posto foi o isolamento a que se considera submetido pelo governo Dilma Rousseff.
O delegado não aceita o que classifica de "desrespeito a um profissional apolítico".
Menezes está há 15 anos na PF, período em que dirigiu investigações sobre alguns dos mais emblemáticos e recentes episódios da República. Foi de sua responsabilidade o inquérito sobre o dossiê dos cartões corporativos da gestão Fernando Henrique Cardoso.
Em 2008, para identificar quem acessou clandestinamente arquivos com dados sobre gastos de FHC, o delegado vasculhou a Casa Civil , na época sob comando de Dilma.
Amparado em ordem judicial e manifestação expressa do Ministério Público Federal, Menezes confiscou cinco laptops e dois computadores de mesa usados por servidores próximos à então ministra.
Menezes indiciou o ex-secretário de controle interno da Casa Civil José Aparecido Nunes por violação de sigilo funcional e remeteu os autos ao Supremo Tribunal Federal porque deparou, no curso da ação, com autoridades protegidas por foro privilegiado perante a corte máxima.
O que desconforta o delegado é que, no início deste ano, foi indicado para assumir a chefia da Diretoria de Administração e Logística, cargo estratégico no topo da hierarquia da PF.
A indicação de Menezes foi formalizada em 21 de fevereiro. No ofício 75/11, o diretor-geral da PF comunicou o secretário executivo do Ministério da Justiça, Luiz Paulo Teles Barreto, sobre sua decisão de exonerar o delegado do comando da PF no Espírito Santo e promovê-lo à Logística. Menezes assumiria a cadeira ocupada pelo delegado Rogério Augusto Viana Galloro.
O remanejamento tem de ser corroborado pelo Ministério da Justiça e pela Casa Civil. Até hoje, nenhuma das duas instâncias se manifestou. Menezes interpreta o silêncio do Planalto como "um descaso inadmissível".
Por isso, renunciou.
Ele havia assumido a superintendência capixaba em 4 de agosto de 2009. A unidade conta com 1,4 mil policiais. Nesses dois anos, Menezes firmou parcerias com a Justiça para combater fraudes nas eleições, deflagrou operações de combate ao crime organizado e ao narcotráfico.
O delegado disse a colegas em Vitória e em Brasília que não pode afirmar que se tornou alvo de retaliação por causa do inquérito em que colocou a Casa Civil contra a parede.
"Posso afirmar que há uma indicação do diretor-geral até hoje sem solução."
Ontem, pelo memorando 2949/11, endereçado ao diretor-geral, Menezes pediu exoneração.
Fausto Macedo O Estado de S. Paulo
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