"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

agosto 01, 2011

COLHEITA BICHADA


O Congresso retoma os trabalhos nesta semana com uma triste constatação:
o rol de denúncias de corrupção a investigar no governo federal só cresceu ao longo dos últimos dias.

O Ministério dos Transportes, mais especificamente o Dnit, continua funcionando como uma usina de irregularidades, mas já encontra concorrentes à altura na Esplanada.

Neste fim de semana, foi a vez do Ministério da Agricultura estrear na ribalta de escândalos do governo Dilma Rousseff. Em entrevista à revista Veja, Oscar Jucá, irmão do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse que a corrupção na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)
"é pior do que no Dnit".

O padrão repete-se:
loteamento de órgãos públicos para desviar recursos para partidos políticos aliados ao petismo.


No caso da Agricultura, o PMDB e o PTB.
O ministro Wagner Rossi, segundo Oscar Jucá, comandaria o esquema e teria, inclusive, lhe ofertado propina em troca de silêncio.

O que é certo nesta história é que nela não há querubins.

A colheita bichada não é, porém, exclusividade da Agricultura.
A revista IstoÉ revelou outra central de falcatruas:
o Ministério das Cidades. Feudo do PP, a pasta dispõe de orçamento com nada menos que R$ 7,6 bilhões em investimentos previstos para este ano.

É a terceira maior cifra da Esplanada e alvo de cobiça dos comensais do condomínio petista.
O ministério dominado pelo Partido Progressista é acusado de liberar verba para obras consideradas irregulares pelo TCU.
Obras tocadas por empresas que fizeram generosas doações eleitorais para os "progressistas".


A ponte entre o Ministério das Cidades e os pepistas não poderia ser mais concreta: o secretário nacional de Saneamento da pasta e o tesoureiro do PP são a mesma pessoa, Leodegar Tiscoski.

Há muito tempo não se via tantas rapinagens incrustadas na máquina pública. O PT ressuscitou um modus operandi que a sociedade conseguira extirpar do aparato estatal, ou pelo menos reduzira muitíssimo, com a depuração que se seguiu ao regime militar, aos anos de descalabro do governo José Sarney e à verdadeira farra do boi protagonizada por Fernando Collor.
Está tudo de volta, piorado.

São raros os órgãos públicos que não obedecem hoje à lógica do loteamento político. O interesse público foi inteiramente submetido à dominação partidária.
O poder foi tomado de assalto e sai-se melhor quem consegue pilhar mais. Não há faxina cosmética que dê conta disso.


Em sua edição de ontem, o jornal O Globo mostrou mais instituições públicas soterradas em escândalos. O BNB está sob domínio de petistas cearenses envolvidos em negócios suspeitos. Generoso com devedores, o banco deixou de cobrar dívidas de R$ 1,5 bilhão.

Já a Codevasf é disputada por petistas e socialistas piauienses por administrar a bilionária obra da transposição do rio São Francisco. O que atrai os comensais é um contrato de R$ 3,9 bilhões que deve ser engordado em pelo menos mais R$ 1 bilhão por conta de aditivos - a melhor oportunidade de negociata que existe na praça.

Completa a lista d'O Globo a Funasa. A Polícia Federal e o Ministério Público Federal têm em mãos munição para investigar desvios de recursos na compra de combustível e no pagamento de horas de voo na região amazônica, sem contar gastos irregulares em convênios sem prestação de contas do órgão.

Mas o Dnit, claro, não poderia ficar fora da nova leva de irregularidades. Segundo a edição de domingo de O Estado de S.Paulo, obras administradas pelo órgão já encareceram R$ 2,6 bilhões, muitas delas acima do limite legal de 25%.

Entre 1.807 contratos ativos, 107 apresentam aditivos que duplicaram o valor inicial dos contratos.

É certo que os parlamentares gostariam de se dedicar a uma agenda que impulsionasse o desenvolvimento do país e o preparasse melhor para as tempestades que se avizinham. Mas ela não existe.

Não há avanço possível sob o peso da corrompida estrutura estatal que mina o poder público. Só uma limpeza geral, do primeiro ao último escalão, poderia dar conta disso.

Fonte: ITV

2 comentários:

"Política sem medo" disse...

CAro amigo, so nao concordei com esta frase "verdadeira farra do boi protagonizada por Fernando Collor" pois os escandalos deste governo superam aquele e sao praticados dentro do governo. Collor nao praticou crime algum. Os crimes imputados a ele foram praticados pelo seu coordenador de campanha PC Farias e assim que foi descoberto Collor o dispensou e nunca mais teve contato com ele. Nesse governo do PT acontece um escandalo brutal todos os dias e pelo proprio governo e seus subordinados e ate agora nem o impeachment foi pedido. Razoes nao faltam desde o Mensalao de 2006.

Silvana Carvalho disse...

Concordo como o comentário feito acima,é uma absurdo dizer verdadeira farra do boi protagonizada por Fernando Collor,pois os casos de corrupção do governo Lula e da sua sucessora são infinitamente maiores do q os do governo Collor,e este foi punido não se sabe até hj se injustamente ou com razão,mas com mais ninguém acontece a menor punição.Cadê os cara-pintadas???Morreram!!!