Setores do PR, do PMDB e do PTB no Congresso já estão negociando com os partidos de oposição a instalação de uma CPI dos Transportes.
Um dirigente do PR confirma que deputados e senadores do partido estão decididos a encabeçar a lista de assinaturas, entre eles o senador Blairo Maggi (PR-MT).
Os aliados argumentam que, se o próprio Planalto está afirmando que há corrupção nos Transportes, não haverá como segurar a abertura do inquérito.
"A persistir este cotidiano de denúncias, será inevitável uma CPI. O pedido de investigação vai acabar atingindo o número mínimo de assinaturas, porque o Congresso não terá como justificar para a sociedade que não quer investigar", prevê o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Entre os governistas, é grande a preocupação diante da aposta geral de que o que está a caminho é a CPI do PAC, já que as obras de construção e reparo de rodovias e ferrovias constituem a maior fatia do programa.
O que assusta aliados é que uma CPI do PAC bateria direto no Planalto. Afinal, raciocina um líder da base, a presidente Dilma Rousseff venceu a eleição com o título de "mãe do PAC". Pior, diz o parlamentar, é que ao sair para a campanha, Dilma deixou em seu lugar na Casa Civil a amiga Erenice Guerra, que saiu do governo em meio à denúncias de corrupção, envolvendo familiares.
Um líder experiente critica a administração da crise. Ele avalia que Dilma age mais como corregedora de seu próprio governo, do que como um árbitro, papel mais adequado ao presidente da República. O agravante é que, em tempos de recesso do Legislativo, a pauta política fica restrita às denúncias.
Caminho. Para governistas de várias legendas, os tropeços do Planalto estão empurrando os aliados em direção à CPI. "Se o governo diz que tem corrupção, porque que os deputados têm que dizer que não tem.
Vai ser um mês de agosto bastante complicado", prevê o vice-líder do PDT na Câmara, deputado Paulo Pereira da Silva (SP).
Ao criticar os maus tratos do governo ao PR, o deputado lembra que esta não é a primeira vez que um aliado é hostilizado pelo Palácio. Foi assim com seu PDT, que desafiou a presidente Dilma ao defender um reajuste mais generoso para o salário mínimo, e com o PMDB, que contrariou o Palácio na votação do Código Florestal.
É neste contexto que um dos articuladores da oposição com expoentes da base para abrir a investigação no Congresso aposta que "a CPI já está instalada", a despeito da ação contrária do governo.
Não é o que pensa o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE). Ele admite que vai dar trabalho evitar a CPI, mas revela-se otimista:
"Teremos condições de conduzir o Congresso para que deixe que as investigações sejam feitas por quem de direito".
Refere-se aí às apurações já em curso no Ministério Público, na Controladoria-Geral da União, no Tribunal de Contas da União e na Polícia Federal.
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