"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

julho 22, 2011

QUE POVO É ESTE?

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O brasileiro trabalha em média cinco meses no ano só para pagar impostos.
Irriga os cofres públicos com R$ 2,6 bilhões por dia. Em troca, é feito de bobo pelos espertos da corte.

Basta abrir os jornais todos os dias:
dinheiro que poderia mudar o destino do país, com educação, saúde, estradas e transporte de qualidade, acaba no bolso dos larápios que hoje atuam com desfaçatez e certeza de impunidade sem paralelo na história do país.

O assunto já virou tema de discussão até entre estrangeiros.
Por que o brasileiro não sai às ruas e protesta?
Pergunta o jornalista espanhol Juan Arias.


Algumas respostas são óbvias. O PT, principal partido de oposição no passado, advogava a ética como valor inalienável na política. Sindicatos, movimentos estudantis e organizações sociais reforçavam a luta. Foram às ruas. Exigiram eleições diretas. Derrubaram Collor e companhia...

Mas quando o PT chegou ao poder, e figurões da República foram flagrados no escândalo do mensalão, o Brasil começava a dar o maior passo atrás de sua história política recente.

Desde então, um presidente que parecia encarnar a decência em pessoa saiu em defesa dos aliados envolvidos na maracutaia. O então todo-poderoso ministro José Dirceu se viu forçado a deixar o governo, teve o mandato de deputado cassado e acabou acusado de ser o chefe da quadrilha.


Desse episódio em diante, nunca mais ninguém viu os brasileiros pintarem a cara e saírem às ruas para exigir decência na política. O PT virou o partido amiguinho de Collor, Sarney, Jáder Barbalho, Renan Calheiros e dos insaciáveis PR e PMDB. Sindicalistas e líderes estudantis que costumavam capitanear as manifestações acabaram cooptados pelo governo.

Lula perdeu a vergonha de sair em defesa de figurões acusados dos mais diversos desvios éticos. No meio de tudo isso, mesmo sem concordar com o rumo da carruagem, órfãos das esquerdas e antigos simpatizantes se viram, de repente, sem referência político-partidária.

Como a economia vai bem, o desemprego despencou e a Bolsa Família promoveu a inclusão de milhões de brasileiros no mercado de consumo, eles temem expressar a indignação nas ruas e ver como resultado disso um retrocesso ainda maior se o Planalto voltar ao total controle da direita, que hoje seria apenas parceira nos malfeitos.


O inacreditável é que, mesmo sob o tacão de ferozes ditadores, cidadãos do Oriente Médio conseguem se organizar pela internet e sair às ruas para protestar.

Nesse quesito, apesar de ser um dos povos que mais usam ferramentas como o Twitter e o Facebook, a passividade, a indiferença e o silêncio dos brasileiros diante do malfeito dos políticos começam a intrigar o mundo inteiro.

Que povo tão passivo é esse?

Plácido Fernandes Vieira Correio Braziliense

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