"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

julho 01, 2011

O CORTE! GOVERNO/ORGULHOSO: 50%/META/ANO DO SUP.PRIM. ALCANÇADA. MAS,PORÉM, TODAVIA,CONTUDO...Austeridade nos gastos do governo é muito relativa


O governo anuncia, orgulhoso, que em maio conseguiu alcançar mais de 50% da meta fixada para o superávit primário neste ano inteiro, com R$ 64,8 bilhões (4,03% do PIB estimado).

Pode-se ter, porém, outra leitura da análise das necessidades de financiamento do setor público.


De saída, é preciso tomar por base o resultado do governo central (governo federal, Banco Central e Previdência), que apresentou, acima da linha, um superávit primário de R$ 45,4 bilhões nos cinco primeiros meses do ano, 70,5% do superávit do setor público e um valor quase igual ao medido pela variação da dívida.

O resultado do governo central mostra que, enquanto a receita líquida cresceu 19,1%, as despesas acusavam aumento de apenas 9,1% (5,5% das despesas de custeio e de capital, essas últimas as mais sacrificadas).
Porém, os gastos do governo central continuam elevados e estão gerando uma liquidez excessiva.

Se voltarmos aos Resultados Fiscais, objeto da divulgação ontem pelo Banco Central, verificamos que nos cinco primeiros meses do ano o fluxo total foi equivalente a 2,24% do PIB, valor muito próximo do fluxo do mesmo período de 2010 (2,55% do PIB).

Quando se considera apenas o governo central, o valor nominal do déficit é superior ao do mesmo período do ano passado, o que mostra que o impacto dos gastos públicos na economia ainda é significativo.

O problema é saber se a "austeridade" do governo será mantida ao longo do ano - o que parece muito duvidoso, quando se constata que Dilma Rousseff cede cada vez mais aos parlamentares e que os investimentos devem entrar numa fase mais dinâmica no segundo semestre do ano, sem falar do impacto dos reajustes salariais que vão ocorrer no período.

Um outro ponto levanta preocupação:
o recorde dos juros nominais, em relação aos cinco primeiros meses do ano (6,27% do PIB), muito acima ao dos dois últimos anos.
Assistimos a uma situação paradoxal em que, com reservas internacionais confortáveis, a dívida mobiliária federal acusou aumento de R$ 2,1 bilhões em maio.

Sem esse ônus, o Brasil poderia aplicar uma quantia não desprezível para aumentar seus investimentos na infraestrutura ou pelo menos reduzir a emissão de títulos da dívida para pagar os juros, que estão na origem de novas emissões de papéis.

Na realidade, observam-se um aumento do déficit nominal e uma redução do superávit primário no qual os governos regionais têm participação de 29,5%, aproveitando-se também do aumento das receitas.

O Estado de S. Paulo

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