"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

julho 15, 2011

COM PERDA DE DUAS SADIAS E MEIA(R$63,4 bilhões ), PT e PMDB ARTICULAM MUDANÇAS NA PETROBRAS


Indefinição sobre Plano de Negócios e rumores de troca no comando fazem estatal perder duas Sadias e meia

O PT e o PMDB estão articulando mudanças profundas na direção da Petrobras, mas de forma a garantir que a gestão da estatal continue sob o controle dos dois partidos. Segundo fontes próximas ao governo, a proposta das mudanças na diretoria assim como o novo Plano de Negócios com os investimentos para o período de 2011/15 deverão ser apreciados pelo Conselho de Administração da Petrobras em reunião prevista para o próximo dia 22.

Segundo fontes, algumas mudanças estariam praticamente acertadas, mas todas são passíveis de mudanças até a batida do martelo da presidente Dilma Rousseff.
Nos bastidores se dá como sendo certo que a atual diretora de Gás e Energia, Maria das Graças Foster, assumirá a presidência da Petrobras no lugar de José Sérgio Gabrielli.


Mudança envolve nomes indicados também por aliados

O diretor de Exploração e Produção da companhia, Guilherme Estrella, iria presidir a PetroSal, a nova empresa estatal que coordenará a exploração de petróleo pelo novo sistema de partilha em áreas do pré-sal.

Para seu lugar, um dos nomes mais cotados é José Lima Neto, funcionário de carreira da Petrobras, atual presidente da Petrobras Distribuidora (BR).

Lima Neto conta com a simpatia e o apoio da própria presidente Dilma e do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.

As notícias de mudanças no comando da Petrobras e a demora em anunciar o plano de investimentos da companhia para os próximos anos têm deixado o mercado apreensivo. Grandes investidores internacionais reclamam que a diretoria está fechada, sem interlocução com o mercado.

Com os sucessivos adiamentos da divulgação de seu plano de investimentos, a Petrobras amarga queda de 16,6% em seu valor de mercado este ano. O valor passou de R$380,2 bilhões para R$316,8 bilhões.

Ou seja, R$63,4 bilhões "derreteram" entre janeiro e ontem.
O valor é quase o tamanho do Banco do Brasil, cujo valor de mercado é de R$74,3 bilhões, e duas vezes e meia a BRF-Brasil Foods (resultado da fusão entre Sadia e Perdigão), de R$25,8 bilhões.


Entre as grandes companhias, a Petrobras é que mais perdeu em valor de mercado. A Vale, por exemplo, registrou recuo de 7,46%, para R$254,4 bilhões. O Bradesco teve queda de 6,28%, para R$102,8 bilhões.

Segundo analistas, o mercado "não vê com bons olhos a estatal", já que vem apresentando resultados operacionais ruins mês a mês, ao não conseguir repassar a queda do preço do petróleo no mercado internacional para os combustíveis vendidos no Brasil. Além disso, vem sofrendo com o fraco desempenho do mercado internacional, cujas economias de EUA e Europa não crescem.

- O mercado espera a revisão do plano estratégico da empresa, que seria anunciado no primeiro semestre, e já foi adiado duas vezes. Com essas incertezas, quem tem ações acaba vendendo papéis da companhia em vez de comprá-los. Espera-se uma queda nos investimentos em refino, que tem margens menores. Isso tudo será feito para reduzir seus custos, já que a receita operacional está ruim - avaliou Leonardo Milane, estrategista da Corretora Santander.

Erick Scott Hood, analista da SLW, apontou que, enquanto a Petrobras não divulga seus planos de investimento entre 2012 e 2015, crescem as incertezas sobre a empresa. Com o impasse, algumas corretoras reduziram o peso das ações da estatal em suas carteiras de recomendações.
Caso da Ativa e de bancos, como o Santander.


- Como há muita especulação, o valor da empresa é destruído, prejudicando o desempenho da ação - disse Hood.

O Plano de Negócios, que será apresentado pela terceira vez, deverá conter o mesmo volume de investimentos do Plano anterior de e 2010/14 que é de US$224 bilhões, atendendo a uma determinação expressa do Conselho na última reunião, realizada no dia 17 de junho.

Na primeira versão da Petrobras, eram US$260 bilhões.
O mercado é favorável à manutenção do nível dos investimentos da estatal, pois teme que maiores gastos afetem a saúde financeira da Petrobras.

Hoje, vendendo a gasolina 18% mais barata que no exterior e o diesel, 8% mais em conta, a Petrobras já perdeu R$5,7 bilhões de janeiro a junho, segundo cálculos do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE).

Ramona Ordoñez Bruno Rosa O Globo

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