O PT tem uma tremenda dificuldade de passar das palavras à ação. Quando é criticado, culpa os outros. Quando realiza, o faz na base do improviso. O DNA palanqueiro sobrevive no sangue petista. O partido mostra-se incapaz de ser e agir como governo. Suas poucas realizações têm a marca da empulhação.
Tome-se o tão propalado Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Sua vistosa carteira de obras e ações continua a ser apenas isso: uma extensa lista de boas intenções. Os empreendimentos custam a sair do papel e, quando saem, lembram uma canção de Caetano Veloso: mal deixam de ser construção e já são ruína.
O jornal O Globo dedicou-se a excursionar pelas obras do PAC inauguradas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no ano passado ao lado da então candidata Dilma Rousseff. Encontrou um roteiro de empreendimentos parados ou inacabados. Dá até para oferecê-lo a uma agência de turismo, tantas são as atrações. Tem pedra fundamental com placa de cobre que não acaba mais. Mas coisa que funcione bem não tem.
O festival de obras inconclusas é até democrático: há ferrovias, conjuntos habitacionais, hospitais, aeroportos, obras de saneamento e rodovias. Em alguns casos, os empreendimentos foram paralisados tão logo terminara o comício da então candidata ou tão logo a caravana presidencial passara. Queimado o foguetório, sobraram poeira e degradação.
O filho está tão feio que sua "mãe" agora nem fala mais dele...
Um dos exemplos mais gritantes é o da ferrovia Norte-Sul, ligando o Maranhão a Goiás. Pelo cronograma oficial, os últimos batentes deveriam ser fixados em dezembro passado. Foi o que anunciou o então presidente quando, a apenas 12 dias do primeiro turno das eleições, visitou a sonhada obra. "No dia 20 de dezembro preparem uma grande festa", disse Lula em Porangatu (GO).
Os exemplos de descompromisso não têm fim. Em agosto, em cima do palanque, Dilma e Lula anunciaram a construção de 700 casas populares em Campo Grande (MS). Nada aconteceu, como, aliás, tem sido a marca do Minha Casa Minha Vida - cujos financiamentos despencaram neste ano, como mostra hoje o Valor Econômico.
Na comunidade da Rocinha, no Rio, um dos cenários mais disputados pelos petistas durante a campanha, o conjunto habitacional entregue há cinco meses já apresenta rachaduras, infiltrações e falta de água.
"Disseram que iam passar tinta por cima das rachaduras das paredes. Meu medo é que desabe tudo", afirma uma moradora.
É o que já aconteceu no Ceará na decantada obra da transposição do rio São Francisco. O pior de tudo isso é que o PT dá mostras claras de não aprender com os erros. O grau de improviso assombra as obras associadas à Copa de 2014.
Há duas semanas, o governo de Dilma anunciou que deixaria de lado seus dogmas e concederia os aeroportos à iniciativa privada. O processo, disse o ministro Antonio Palocci, seria rápido.
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Não dá mais para continuar improvisando.
Não dá mais para continuar enganando.
Muita coisa está muito fora da ordem.
Fonte: ITV
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