Não resta dúvida de que está em marcha avançada uma estratégia de governo para subjugar as iniciativas empresariais aos interesses estatais.
Ao admitir que o governo quis "retaliar" a Vale por ela não ter se sujeitado às vontades de Lula, o ministro da Fazenda revelou uma linha de atuação perpetrada pelo ex-presidente e, possivelmente, avalizada também por Dilma Rousseff.
A sanha estatista do PT está pronta para engolfar quaisquer obstáculos privados que vir pela frente.
Mantega discorreu com a maior naturalidade do mundo sobre a ira de Lula contra o "senhor Roger Agnelli [presidente da empresa]".
O motivo teria sido duas decisões puramente empresariais tomadas pela Vale em meio a uma das maiores crises econômicas da história mundial, em 2008/2009:
quando demitiu 1,5 mil trabalhadores e quando se manteve fiel a sua política de investimentos, ignorou pedidos do Planalto e atrasou sua entrada no (atualmente) mau negócio da siderurgia.
Pelo raciocínio de Mantega, a irritação de Lula justificaria impor à empresa - que, ressalte-se, é privada, com milhões de acionistas, entre eles milhares de trabalhadores brasileiros que lá investiram seu FGTS - uma bordoada em forma de aumento de impostos.
Truculentas assim são as regras do capitalismo de Estado que o PT vai tentando impor ao país.
Fernando Rodrigues reproduz hoje na Folha de S.Paulo a frase mais reveladora do modus operandi petista, enunciada por Mantega na sessão de ontem no Senado:
"O presidente Lula, com justa razão, se manifestou democraticamente.
Veja, ele não tomou nenhuma atitude. Poderia ter retaliado a Vale. A Vale é uma concessão, né? Poderia ter aumentado impostos. Não fez nada disso. Apenas ele utilizou o chamado 'jus esperniandi' (...) Não vejo uma situação mais democrática do que essa". Lapidar.
"Além de revelar que o governo considera a retaliação uma possibilidade real, o ministro da Fazenda confirma a interferência por motivo torpe e admite o ato de vingança pessoal contra um presidente de empresa privada que ousou desagradar ao governo.
Menos democrático impossível.
(...)
Pelas declarações do ministro fica posto que as empresas cujas diretrizes operacionais desagradarem ao governo podem ser objetos de ações intervencionistas", avalia Dora Kramer na edição de hoje de O Estado de S.Paulo.
Mais correto seria dizer que as empresas não só podem como já têm sido objeto da ingerência estatal.
No apagar das luzes da gestão Agnelli, defenestrado da Vale por ter irritantemente "continuado a fazer o que queria", a maior mineradora do mundo foi agora forçada pelo governo a ingressar na construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, maior projeto do PAC, considerado "prioritário" por Dilma.
No último dia 28, a Vale anunciou a compra dos 9% que o grupo Bertin - antigo frigorífico hoje metido em apuros por causa de negócios em que se enfiou na área de energia - detinha no consórcio que construirá Belo Monte.
Investirá cerca de R$ 2,3 bilhões no negócio, tido por boa parte do mercado como um dos mais micados do momento.
Os tentáculos do gigantismo estatal não param aí.
Também se manifestaram em medida provisória editada na última sexta-feira pela qual os Correios ficam autorizados a abrir um monte de novos negócios.
Caixa de escândalos que alimentou o mensalão, a empresa, que atua sob monopólio no mercado postal, poderá investir no trem-bala, vender linha de celular, adquirir empresa de transporte aéreo de carga, abrir banco, oferecer serviços de internet etc etc etc.
Pela ótica do PT, o livre mercado é um estorvo.
No capitalismo de Estado que vem avançando no Brasil, os vencedores são os ungidos pelo toque divino do governo de turno - que decide quem perde e quem ganha, e exige suas contrapartida$.
O PT vampiriza na eficiência privada os recursos com que pretende eternizar seu projeto de poder.
Fonte: ITV
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