Nosso videorrepórter André Corrêa foi pautado, na última quarta-feira, para a cobertura do julgamento da Lei da Ficha Limpa, no Supremo Tribunal Federal. Sua missão era mostrar as manifestações do lado de fora do tribunal.
Chegando ao local, a surpresa: não havia ninguém. Quando a sessão do STF já durava mais de uma hora, apareceram cerca de 300 manifestantes. Eram servidores do Judiciário pegando uma “carona”. Eles reivindicavam, na verdade, reajuste salarial.
Trocando em miúdos:
no dia de uma votação crucial para o futuro de uma lei criada por iniciativa popular, o povo não deu o ar da graça.
Os ministros do Supremo desataram o constrangedor nó do empate pré-eleição e invalidaram a Ficha Limpa para o pleito de 2010. Nada que tenha abalado a República, se avaliarmos a repercussão na sociedade.
É verdade que a legislação temida por políticos sujos apresenta brechas jurídicas. A principal delas é a suposta inconstitucionalidade, por ter mudado regras eleitorais no ano de sua promulgação.
Eis a razão do imbróglio e da decisão apertada do STF na semana passada. O problema é que, agora, há ministros que falam em derrubá-la de vez, ad aeternum.
E o povo nem aí.
Mudemos de cenário:
os sucessivos aumentos do preço dos combustíveis no Distrito Federal. Chegamos à surreal situação de o litro do álcool valer o mesmo que o da gasolina. O sindicato dos donos de postos culpa os usineiros, que reclamam da falta de política do governo, que aponta o dedo para a safra.
Parece paródia da música O malandro, letra de Chico Buarque para a peça Ópera do malandro: no fim das contas, o culpado é o consumidor, que precisa encher o tanque do carro.
Não seria o momento de nós, consumidores do DF, exigirmos um basta?
Procon, Ministério Público, boicote, algo que o valha? Mas a letargia impera.
E a vida segue, no Supremo, nos postos de gasolina, no Brasil.
Paulo Rossi Correio Braziliense
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