"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

outubro 15, 2010

PREVIDÊNCIA E A EXIGÊNCIA DE UM NOVO MODELO.


O progresso da ciência trouxe benefícios indiscutíveis. Entre eles, o
prolongamento da vida das pessoas.

Medicamentos e aparelhos cada vez mais sofisticados combatem males até há pouco considerados fatais. O avanço, porém, se assemelha à moeda.

Tem dois lados.

Um se refere à melhora das condições gerais de sobrevivência.

O outro, aos desafios que a nova realidade impõe aos governantes. Novos paradigmas devem substituir os antigos, que se revelam inadequados para responder às exigências atuais.

Talvez o maior embate seja a Previdência Social.

O envelhecimento dos brasileiros se assemelha a bomba-relógio.

Associado à redução da base de jovens e da população economicamente ativa, o aumento da expectativa de vida pode levar o sistema ao colapso.

Em estudo baseado em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2009, o IBGE traçou cenário preocupante.

Segundo a pesquisa, com a constante redução da taxa de natalidade, em 2030 o país terá 206,8 milhões de habitantes.

Tal como ocorre no mundo desenvolvido, a tendência é estagnar nesse patamar.

Projeções indicam que, daqui a duas décadas, a participação de idosos na população será igual à dos jovens.

Em 2050, aumentará — 22,71% contra 13,15% de pessoas com até 14 anos.

Os números inquietam porque sinalizam desequilíbrio crescente nas contas da Previdência.

É urgente, segundo especialistas, proceder a mudanças na concessão de aposentadorias.

Entre elas, manter o trabalhador por mais tempo na atividade.

O tema, apesar da importância de que se reveste, não figura na agenda dos presidenciáveis.

Esperava-se que, com o prolongamento da campanha eleitoral, os candidatos tratassem de assuntos relevantes que dominarão a pauta dos próximos anos.

Um dos mais substantivos, embora espinhoso, é, sem dúvida, a Previdência. José Serra e Dilma Rousseff, porém, se omitem.

O brasileiro, tanto o que está no mercado de trabalho quanto o que ingressará no futuro, precisa se preparar para que a velhice não seja sinônimo de incerteza.

Para tanto, necessita de regras claras e duradouras.

Não é, porém, o que encontra.

O cenário que vislumbra é sombrio — a espada de Dâmocles sobre a cabeça

Correio Braziliense

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