"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

agosto 03, 2010

A PROXIMIDADE DO FIM DE UM "QUASE" OU "MEIO" DÉSPOTA.



(...)

Mais importante que o PT eleger muitos governadores, repete aos correligionários desde o ano passado, é o PT eleger e o governo controlar uma bancada grande de senadores. Isso, claro, no pressuposto de que a Câmara esteja perfeitamente dominada.

O presidente expôs em público esse anseio no último sábado em Curitiba, onde participou de comício da candidatura presidencial, ao fazer votos de que Dilma Rousseff, se eleita, "tenha um Senado de mais qualidade".

Até aí, não haveria do que nem como discordar do presidente Lula.
Raro deve ser o cidadão que não deseje um Senado sem atos secretos, sem postergação proposital de investigações, sem contratações abusivas, sem desperdícios, sem compadrio, com responsabilidade, honestidade, transparência, impessoalidade, civilidade, respeito absoluto pelo público.


E, sobretudo, um Senado reverente à instituição que não seja presidida por alguém com tanto a esconder que prefira silenciar a contribuir para melhorias, que necessite recorrer à censura para proteger os seus.
(...)
Só que não é bem isso que Lula entende por "um Senado de mais qualidade".

Segundo ele, a qualidade se expressa em um "Senado mais respeitador, um Senado que não ofenda o governo, como eu fui ofendido".


Se o presidente não prestou atenção ao que disse é grave, mas se prestou só não é gravíssimo porque seu poder de vocalizar equívocos com garantia de ampla divulgação termina em breve.

Ah, sim, porque se o leitor ainda não realizou, realize: a partir de janeiro de 2011, assuma Dilma ou José Serra a Presidência da República, o estilo muda. Governar não será mais discursar.

Em oito anos Lula não incorporou a concepção de Estado.
Quando assumiu, quase expulsa um correspondente estrangeiro porque considerou ofensivo à Nação um artigo do rapaz falando sobre seu (dele) consumo de bebidas alcoólicas.


Tomou-se pelo País.
E agora depois de todo esse tempo continua ativista da autorreferência, tratando o Senado como um apêndice de sua (dele) majestade.


Original/Íntegra...

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