Fabio Graner O Estado de S. Paulo
A fotografia dos cinco primeiros meses do ano e as projeções do Banco Central para 2010 confirmam o cenário de piora na condição das contas externas, com aumento na dependência de capitais que podem sair a qualquer momento.
Apesar de a trajetória não estar sendo a desejável para a economia brasileira, ainda não há razões para se temer uma crise de balanço de pagamentos a médio prazo, como nos anos 80 e 90.
Afinal, o Brasil está protegido por reservas de mais de US$ 250 bilhões.
De janeiro a maio deste ano, o déficit na conta corrente do balanço de pagamentos foi de US$ 18,75 bilhões ? 2,35% do PIB. No mesmo período, os investimentos estrangeiros diretos (IED) somaram US$ 11,41 bilhões, ou 1,43% do PIB.
A diferença entre os dólares que saíram pela conta corrente e os que entraram pelo IED este ano foi de US$ 7,34 bilhões, quase 1% do PIB.
Coube aos investimentos estrangeiros em ações e renda fixa e aos empréstimos realizados por financiadores externos o papel de cobrir esse buraco.
E o fizeram com folga, permitindo que o Banco Central comprasse até maio US$ 12,7 bilhões.
O problema é que esse tipo de recurso que hoje está ajudando o Brasil a fechar suas contas externas pode se tornar escasso.
Se a crise na Europa, por exemplo, se agravar, os investidores internacionais podem levar seu dinheiro para os títulos do Tesouro americano.
Outra situação que poderia reverter a trajetória desses recursos é uma alta de juros nas principais economias.
Por ora, isso parece distante, mas o tempo passa, as crises também e, em algum momento, o mundo desenvolvido terá de trazer seus juros a um nível mais realista.
E, dependendo de como isso ocorrer, o fluxo de capitais para países emergentes pode ter uma reversão significativa.
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