"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

março 06, 2010

PSDB - DE OLHO NA HERANÇA MALDITA DO PT

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Julia Duailibi/Estadão

Os tucanos pretendem tirar de pauta a discussão sobre eventuais alterações na condução da política monetária, deixando como foco o debate em torno da questão fiscal.

A ideia é evitar que ruídos alimentem o temor em parte do mercado financeiro de que, em caso de vitória do governador de São Paulo, José Serra, haverá mudanças na política macroeconômica.


Nomes do PSDB ligados à área econômica defendem, de fato, alterações na política monetária, por meio de uma atuação mais forte do Banco Central.


Os principais alvos são a
alta taxa de juros e o câmbio valorizado, que já foram dezenas de vezes criticados pelo próprio governador.

É praticamente consenso entre tucanos ligados a Serra de que deve haver ação mais incisiva do BC para brecar a valorização excessiva do real.

Isso não significa, argumentam, diminuição da autonomia do órgão. Tampouco passa pela criação de mecanismos de controle de capital, o que causa arrepios no mercado. A defesa do tripé macroeconômico (metas de inflação, câmbio flutuante e superávit primário) é explícita.

Mas a avaliação de economistas próximos ao governador é de que o BC deve usar mecanismos de que dispõe de forma mais contundente.
Um exemplo ouvido pelo Estado foi a atuação do BC no mercado para comprar dólar.

Avalia-se que deveria ser feita de modo menos sistemático a fim de evitar "consensos absolutos sobre o câmbio".

É justamente a defesa de uma atuação mais voluntária que desperta incerteza.

Para o mercado, isso pode significar algo mais, como diminuição dos juros por canetada ou restrição da autonomia do BC - já é lugar comum ouvir de operadores do mercado comentários de que Serra será "ministro da Fazenda e presidente do Banco Central dele mesmo".

A direção do partido tem orientado seus quadros a não fazer comentários sobre esses tópicos.
Quer fixar o debate em torno da "herança maldita" do PT - leia-se o déficit em conta corrente.

O objetivo é discutir a qualidade dos gastos, relacionando os "baixos investimentos do governo federal ao crescimento dos gastos correntes".

Tucanos alegam que a questão juro-câmbio é demanda do empresariado.
Na semana passada, Serra reuniu-se com executivos para ouvir e falar sobre a conjuntura econômica.

A discussão é delicada.
Parte do eleitorado vê o câmbio valorizado como sinônimo de preços baixos.

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