Na fila à espera de uma definição do Ministério do Planejamento, o Plano Estratégico da Polícia Federal (PF), segundo a corporação, é uma rara oportunidade para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixar ao seu sucessor uma máquina eficaz para combater a corrupção que corrói as finanças públicas.
Projetando a Polícia Federal de 2022, o plano prevê a criação de novas estruturas para apurar desvios de recursos e é considerada a maior ofensiva institucional dos últimos anos para melhorar as investigações contra os chamados criminosos de colarinho branco.
O plano mexe na atual estrutura da Coordenação Geral de Polícia Fazendária que, com apenas dois delegados lotados numa única divisão, em Brasília, hoje é responsável pelo combate a corrupção.
A ponta da faca :
Pelo novo organograma, a ela seriam agregados três novos órgãos:
a Divisão de Repressão a Crimes Contra a Administração Pública, a Divisão de Combate aos Desvios de Verbas Públicas e o Serviço de Repressão às Fraudes e Licitações, ferramenta indispensável para penetrar no sutil mundo das concorrências públicas onde atuam as empreiteiras e os grandes fornecedores do governo federal.
Esses órgãos teriam uma estrutura correspondente nas superintendências e delegacias regionais espalhadas pelo País.
A PF não informa os valores, mas diz que diante da necessidade de combater a corrupção, os custos não serão elevados.
O delegado Luiz Fernando Corrêa, diretor do órgão, afirma que hoje a PF custa ao governo menos que a Fundação Nacional do Índio (Funai) e com a reestruturação poderá até mesmo ultrapassar a autarquia, mas continuará menos onerosa, por exemplo, do que a Receita Federal
Um dos grandes argumentos utilizados pela polícia no relatório em que justifica o reforço à estrutura do órgão é o montante que escorre pelos ralos da corrupção:
R$ 140 bilhões por ano, segundo estimativa baseada num relatório da Fundação Getúlio Vargas, apontando que o Brasil perde 5% de seu PIB com a corrupção.
É o equivalente a tudo o que o governo federal gastaria, em valores de hoje, para custear por mais de uma década o Bolsa Família ou, numa só pancada, varrer a pobreza do mapa. Os recursos desviados representaram 24% do orçamento fiscal de despesas do governo em 2007.
Economia
O diretor da PF diz que, apenas em 2007, em quatro grandes operações contra a corrupção, foram bloqueados ou tiveram o pagamento interrompido cerca de R$ 4 bilhões, volume superior a todo o orçamento do órgão para 2010.
Ainda não há uma contabilidade, mas policiais e procuradores que trabalham no caso estimam que a montanha de dinheiro desviado nos últimos quatro anos ultrapasse a cifra de R$ 1 bilhão. Nas demais operações desencadeadas no país entre 2003 e 2009, o que escoou pelos ralos da corrupção supera de longe a cifra de R$ 20 bilhões
Na gestão dos petralhas :
A corrupção no Brasil, segundo a polícia, alcança níveis de epidemia e corrói a máquina pública.
Uma das principais chagas na área da corrupção é o conluio entre servidores públicos e empresários com interesses no governo, conforme a corporação.
Um balanço da PF, que abrange os últimos sete anos mostra que é altíssima a participação de servidores nos esquemas de fraudes públicas: entre os 13.193 presos em 1011 operações no período, 1.880, ou 14%, são funcionários públicos.
A "sensibilidade e interesse" do governo da cachaça :
Cortes
O contingenciamento de R$ 21,8 bilhões no orçamento da União, anunciado esta semana pelo ministro Paulo Bernardo, do Planejamento, conspira contra a reestruturação de órgãos públicos como a Polícia Federal e as Forças Armadas, embora ainda não se saiba claramente quais áreas serão mais afetadas.
Mais : PF pede reforço ao governo para combater a corrupção
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