"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

março 18, 2010

É UM RIDÍCULO.

Créditos: Charge do JC Online
DENISE CHRISPIM MARIN, ENVIADA ESPECIAL - Agencia Estado

Com deslizes já repetidos em outros países árabes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerrou hoje sua visita ao Oriente Médio.

Assim como no caso imediatamente anterior, na Turquia, o constrangimento de boa parte da plateia a quem Lula se dirigia começou quando ele defendeu que o Brasil deveria agir como um "mascate".

Lula trocou o nome do primeiro-ministro jordaniano, Samir Rifai, chamou-o de "turco" e ainda designou a Jordânia como um país pobre.

As gafes ocorreram durante o improviso do presidente no Seminário Brasil-Jordânia: Perspectivas de Comércio e de Investimentos, que reuniu cerca de 500 empresários jordanianos, brasileiros e iraquianos.

Lula lembrou que todo mascate - a profissão de vendedor ambulante, adotada por muitos sírios e libaneses - era chamado carinhosamente de "turco" no Brasil.

Uma vez mais, mostrou-se alheio ao fato de que, no Oriente Médio, tal designação não cai bem, dadas as lembranças dolorosas do período de domínio do Império Otomano na região.

Essa ocupação foi um dos fatores que provocaram a massiva emigração de sírios e libaneses, obrigados a portar passaporte turco, no início do século 20.

"O Salim deveria ser tratado de turco", afirmou Lula, dirigindo-se a Samir Rifai. "Aqui tem muita gente com cara de turco.

Ou seja, (a pessoa) que coloca um monte de peça de pano debaixo do braço e sai de casa em casa batendo palma e vendendo."

Lula concluiu com a associação do trabalho do mascate à sua política de privilegiar as relações comerciais do Brasil com países pobres, em uma referência direta à Jordânia.

"O mascate não vai na Avenida Paulista, não vai no Morumbi, não vai nas ruas dos ricos.

Ele vai nas ruas da periferia, onde o pobre pode comprar para pagar em suaves 12 prestações, 24 prestações ou mais", afirmou.

"Eu achava que o Brasil pudesse ser assim."

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