Entre as ilusões mais propagadas pelo presidente Lula está a de que o Brasil foi um dos últimos países a entrar na crise e um dos primeiros a sair dela.
Geralmente seguida pela falsa conclusão de que a economia brasileira é hoje uma das mais sólidas do planeta.
Primeiro, países como China, Índia Austrália, Coreia do Sul, Polônia e Indonésia, com quem deveríamos competir, sequer entraram em recessão.
A Austrália, inclusive, exportadora, como nós, de minérios e alimentos, nação responsável, governada pela centro-esquerda, com câmbio valorizado, já elevou juros no pós-crise.
Segundo, a noção de que nossa economia está melhor que outras quando temos pouca competição, pouca inovação, pouco investimento, pouco crédito, pouca e má distribuída riqueza se comparados a países de fato ricos e um dos piores ambientes de negócios do mundo (nossa carga tributária e nosso Judiciário são piadas de mau gosto) é só isso:
ilusão.
A necessidade eleitoral e o tolo deslumbramento constroem um discurso ufanista, arrogante, irresponsável.
E uma postura gastadora como se os bons ventos fossem perenes.
O Brasil desperdiçou séculos demais em seu lento desenvolvimento.
Como notou com ao menos algum sarcasmo a revista "Economist" na notória capa do Cristo voador:
O Brasil chegou onde está depois de ter cometido todos os erros possíveis.
Não perdemos uma oportunidade de perder uma oportunidade.
E se finalmente arrancamos economicamente graças ao consenso (tão óbvio e tardio) FHC-Lula em torno das regras básicas do Estado de direito capitalista e à extraordinária conjuntura internacional pré-crise, o expansionismo irracional que o final do lulismo encerra é só isso:
E se finalmente arrancamos economicamente graças ao consenso (tão óbvio e tardio) FHC-Lula em torno das regras básicas do Estado de direito capitalista e à extraordinária conjuntura internacional pré-crise, o expansionismo irracional que o final do lulismo encerra é só isso:
irracional.
Basta entrar dinheiro no caixa que ele precisa sair voando, em contratos bilionários com grandes empresas, aumentos bilionários ao funcionalismo e assistencialismo improdutivo.
A crise dava uma explicação para a descambada.
A crise acabou.
Mas se o mandato vai de fato acabar em 2010, o Brasil seguirá, país do futuro, em busca de uma política mais racional, responsável, honesta.
O apressado come cru.
A concessão de favores tributários, regulatórios e creditícios ganha uma pressa injustificável, como se o mundo (ou o mandato) fosse acabar amanhã (ou no ano que vem).
Mas se o mandato vai de fato acabar em 2010, o Brasil seguirá, país do futuro, em busca de uma política mais racional, responsável, honesta.
O apressado come cru.
Ou nem come.
De : Sérgio Malbergier: