"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

fevereiro 19, 2015

ME ENGANA QUE EU GOSTO OU AGORA VAI? CPI da Petrobras começa a funcionar na próxima quinta-feira



Em meio a uma disputa pelos cargos de comando, os trabalhos da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Câmara dos Deputados para investigar irregularidades na Petrobras foram marcados para começar na próxima quinta-feira (26).

A data foi fixada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ. Até lá, os partidos devem travar uma batalha para garantir a presidência e a relatoria da CPI, que têm influência no ritmo das investigações. O bloco do PMDB deve anunciar na segunda-feira (23) a decisão de ficar com a presidência. Pelas regras da Câmara, cabe ao presidente da comissão indicar quem será o relator.

Num aceno costurado com o aval de Cunha, a ideia da cúpula do PMDB é repassar a relatoria ao PT, em uma tentativa de distensionar a relação com o Planalto depois da sequência de derrotas impostas pela Câmara com a chegada do peemedebista à presidência da Casa.

A ideia, no entanto, encontra resistência em líderes de outros partidos que formam o bloco e, especialmente, na bancada do PMDB.

Impulsionados por outras siglas, setores do PMDB passaram a defender que a relatoria fique com um dos integrantes do bloco, que conta com onze partidos: PP, PTB, PRB, SD, PSC, PHS, PEN, PRB, PTN, PSDC e PRTB.

Há ainda pressão para que um cargo de destaque da CPI seja entregue ao deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), o que tem potencial para constranger o Congresso.

Serraglio foi relator da CPI dos Correios, que investigou o escândalo do mensalão e produziu um relatório rígido contra o governo e sugeriu o indiciamento do ex-ministro José Dirceu e de parlamentares por envolvimento no esquema de corrupção.

Segundo peemedebistas, a ida de Serraglio poderia reforçar o discurso de independência que Cunha vem pregando. Procurado pela Folha, o deputado afirmou apenas que "não recusaria prestar esse serviço ao país".

A primeira opção trabalhada pela cúpula do PMDB para o comando da CPI seria o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), que vem rejeitando a ideia. Uma nova consulta deve ser feita ao deputado na segunda.

O argumento é que ele representou o partido na CPI do Congresso no ano passado, que começou a investigar desdobramentos da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Com a recusa de Lúcio, uma alternativa seria o deputado Manoel Júnior (PMDB-PB).

OUTRA FRENTE

Em outra frente, o PT fará um aceno aos líderes do bloco do PMDB para tentar assegurar a relatoria, que é responsável pelo parecer final da comissão.

O líder do PT, Sibá Machado (AC), solicitou o cargo formalmente ao presidente da Câmara e deve procurar nos próximos dias o líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), e os demais líderes dos partidos pedindo apoio.

O PT pretende entregar o posto para o deputado Marco Maia (RS), que foi relator da CPI do Congresso que investigou a estatal no ano passado e também escalar Afonso Florence (BA), como integrante para blindar o governo. Maia, porém, não teria demonstrado disposição para retomar o cargo.

Outro cotado seria o deputado Vicente Cândido (PT-SP).

MÁRCIO FALCÃO DE BRASÍLIA
Folha/poder

Nenhum comentário: