A queda de 87% no saldo positivo do comércio brasileiro com o exterior não reflete apenas os problemas no câmbio e de competitividade do país, mas também é um sinal de como o mundo está cada vez menor para os produtos fabricados por aqui.
O superavit no ano passado de meros US$ 2,6 bilhões é um dos preços que se paga quando se tem a economia que menos celebra acordos de investimento entre os países do G20 (grupo das grandes potências globais).
O reflexo é que no ano passado o país perdeu espaço no comércio com grandes parceiros. Foi o caso dos EUA, por exemplo, onde nossa fatia caiu de 1,45% das importações americanas, em 2012, para 1,24%, em 2013.
O mesmo cenário se repetiu na Alemanha:
0,58%, em 2012, para 0,39%, no ano passado.
E mesmo na vizinha Argentina a participação ficou 0,1 ponto percentual menor em relação a 2012.
Mas não são apenas nos mercados que tradicionalmente compram os produtos industrializados brasileiros em que houve perda de espaço.
O mesmo cenário se repetiu nos grandes compradores de matérias-primas.
Na China, principal mercado para nossas exportações, a participação do país nas compras da segunda maior economia global foi reduzida para 2,81%, 0,11 ponto percentual menos que em 2012.
No caso do Japão (segundo maior mercado para o minério de ferro brasileiro), a queda foi ainda mais forte:
de 1,54% para 1,20% em 2013.
A perda percentual nesses mercados pode parecer pequena, mas representam muitas vezes centenas de milhões de dólares. E o mercado global deve ficar ainda menor nos próximos anos para o país, quando os EUA e a União Europeia devem fechar o seu tratado de livre-comércio.
Até por isso, o governo brasileiro agora tenta apressar um acordo comercial com os europeus, cujas negociações iniciaram em 1999 e estavam em banho-maria, mas que agora são vistas como tábua de salvação para evitar o isolamento comercial do país.
ÁLVARO FAGUNDES
EDITOR-ADJUNTO DE "MERCADO"
Folha
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