No balanço de ganhos e perdas, comum nesta época do ano, tem destaque, no capítulo das "perdas" a ginástica que o governo faz para tentar controlar uma inflação renitente, varrendo para debaixo do tapete dos subsídios pressões altistas de tarifas e preços administrados.
Esconde-se o lixo durante algum tempo, mas ele continua lá e, mais cedo ou tarde, terá de ser removido. Um dos exemplos mais aberrantes é o caro e crescente subsídio arcado pelo Tesouro para evitar elevações nas tarifas de energia elétrica — também um símbolo da desconfiança que o governo tem do mercado.
Estima-se que, até outubro, esta conta já somava mais de R$ 8 bilhões. Ha, aqui, cuidados devido à inflação, persistente na fronteira perigosa dos 6%, mas também razões político eleitorais, a fim de que não seja desmentida a promessa da presidente Dilma de cortar a conta de luz em 10%.
O corte, muito bem-vindo porque reduz o Custo Brasil e alivia o bolso da população, foi decretado, porém, de forma vertical, por meio de um modelo draconiano de renovação de concessões. Empresas fora do alcance do governo federal puderam rejeitá-lo. Não foi, por óbvio, o caso da Eletrobrás e outras. E como os números não batem — até porque o momento hidrológico ruim força que as termelétricas, de operação mais cara, fiquem ligadas o ano inteiro —, o peso do prejuízo das empresas cai sobre o Tesouro. Ou seja, há mais lançamento de títulos, e a dívida pública continua em alta, sob a vigilância das agências internacionais de avaliação de risco.
O grave problema em curso no setor elétrico traduz à perfeição a política de puxadinhos e gatilhos na tentativa de reprimir artificialmente uma inflação que, nos preços livres, gira na faixa de exorbitantes 7% do ano.
O arremedo de solução, o jeitinho, tem sido conter os preços ditos públicos com subsídios semidisfarçados. Na energia elétrica, o Tesouro. Nos combustíveis, o caixa da Petrobras, mas que também baterá no Tesouro em algum momento, pois a União é a grande acionista da estatal.
Os preços que dependem de caneta oficial para ser remarcados têm subido apenas 1%. Porém, para o ano que vem, de eleições, o BC espera algo como 4%. O cobertor esta cada vez mais curto.
E, em nome deste mascaramento da inflação, até a segurança no trânsito fica em segundo plano, com a ideia de se adiar a obrigatoriedade de freios ABS e airbags nos veículos novos, rejeitada por alguns em função de um aumento inicial de custo nos veículos. Tudo é trocado por alguns centésimos de percentual no IPCA — inclusive, despesas evitáveis nas emergências do SUS e dramas humanos. Mas as causas reais da inflação — como gastança pública — não costumam ser atacadas como devem.
Esconde-se o lixo durante algum tempo, mas ele continua lá e, mais cedo ou tarde, terá de ser removido. Um dos exemplos mais aberrantes é o caro e crescente subsídio arcado pelo Tesouro para evitar elevações nas tarifas de energia elétrica — também um símbolo da desconfiança que o governo tem do mercado.
Estima-se que, até outubro, esta conta já somava mais de R$ 8 bilhões. Ha, aqui, cuidados devido à inflação, persistente na fronteira perigosa dos 6%, mas também razões político eleitorais, a fim de que não seja desmentida a promessa da presidente Dilma de cortar a conta de luz em 10%.
O corte, muito bem-vindo porque reduz o Custo Brasil e alivia o bolso da população, foi decretado, porém, de forma vertical, por meio de um modelo draconiano de renovação de concessões. Empresas fora do alcance do governo federal puderam rejeitá-lo. Não foi, por óbvio, o caso da Eletrobrás e outras. E como os números não batem — até porque o momento hidrológico ruim força que as termelétricas, de operação mais cara, fiquem ligadas o ano inteiro —, o peso do prejuízo das empresas cai sobre o Tesouro. Ou seja, há mais lançamento de títulos, e a dívida pública continua em alta, sob a vigilância das agências internacionais de avaliação de risco.
O grave problema em curso no setor elétrico traduz à perfeição a política de puxadinhos e gatilhos na tentativa de reprimir artificialmente uma inflação que, nos preços livres, gira na faixa de exorbitantes 7% do ano.
O arremedo de solução, o jeitinho, tem sido conter os preços ditos públicos com subsídios semidisfarçados. Na energia elétrica, o Tesouro. Nos combustíveis, o caixa da Petrobras, mas que também baterá no Tesouro em algum momento, pois a União é a grande acionista da estatal.
Os preços que dependem de caneta oficial para ser remarcados têm subido apenas 1%. Porém, para o ano que vem, de eleições, o BC espera algo como 4%. O cobertor esta cada vez mais curto.
E, em nome deste mascaramento da inflação, até a segurança no trânsito fica em segundo plano, com a ideia de se adiar a obrigatoriedade de freios ABS e airbags nos veículos novos, rejeitada por alguns em função de um aumento inicial de custo nos veículos. Tudo é trocado por alguns centésimos de percentual no IPCA — inclusive, despesas evitáveis nas emergências do SUS e dramas humanos. Mas as causas reais da inflação — como gastança pública — não costumam ser atacadas como devem.
O Globo
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