A saída de dólares do país superou as entradas em US$ 2,9 bilhões neste mês até o dia 13, segundo dados divulgados pelo Banco Central (BC) ontem. Só na semana passada, deixaram o país US$ 799 milhões. Com isso, o saldo do fluxo cambial no ano passou a ficar negativo, em US$ 702 milhões. No mesmo período do ano passado, o saldo estava positivo em US$ 24,4 bilhões.
Do lado da conta comercial, o saldo está negativo em US$ 3,3 bilhões, com exportações de US$ 5,8 bilhões e importações de US$ 9,2 bilhões. Já nas transações financeiras, a compra de moeda soma US$ 20,4 bilhões neste mês, e a venda está em US$ 20,0 bilhões, resultando em saldo positivo de US$ 382 milhões.
Segundo José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), a decisão do Federal Reserve (Fed, banco central americano) de ontem, que levou a uma queda do dólar, pode piorar a situação da balança comercial. A AEB havia estimado que a receita com as exportações de manufaturados do país seriam maiores em US$ 7 bilhões no próximo ano com o câmbio a R$ 2,40, o que não deve mais se confirmar: — Esse benefício evaporou. Tínhamos expectativas que o dólar se estabilizasse acima de R$ 2,30. Tinha gente falando mesmo em R$ 2,70.
Segundo Castro, os exportadores podem sofrer ainda mais no próximo ano porque a renovação do Reintegra, regime tributário especial para os exportadores, foi vetado pelo governo.
O argumento foi que o câmbio havia compensando e que não havia mais necessidade do programa. O exportador perdeu duas vezes.
FREIO NO INVESTIMENTO EXTERNO
Para Felipe Salto, economista da Tendências, sem a reação das exportações, o fluxo cambial pode continuar negativo.
O fluxo negativo é a ponta do iceberg. Embaixo está todo o o ajuste que a economia brasileira está passando — afirma.
O cenário também não é mais tão promissor quando se trata da atração de dólar por Investimento Estrangeiro Direto (IED, voltado ao setor produtivo). Segundo o diretor-presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), Luís Afonso Lima, a entrada de recursos caminha para fechar o ano em US$ 60 bilhões, queda de 8% em comparação aos US$ 65 bilhões do ano passado. E, pela primeira vez desde 2002, o investimento estrangeiro direto não será suficiente para cobrir o déficit em transações correntes do país.
A mudança da política monetária americana contribuiu para isso, porque deixa o câmbio instável. O investidor não sabe qual cotação colocar em suas contas e decide esperar, postergar o investimento.
Ele diz que a queda do IED está ligado a uma piora na percepção dos investidores sobre a segurança de investir no país.
Flávia Pierry O Globo
O fluxo negativo é a ponta do iceberg. Embaixo está todo o o ajuste que a economia brasileira está passando — afirma.
O cenário também não é mais tão promissor quando se trata da atração de dólar por Investimento Estrangeiro Direto (IED, voltado ao setor produtivo). Segundo o diretor-presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), Luís Afonso Lima, a entrada de recursos caminha para fechar o ano em US$ 60 bilhões, queda de 8% em comparação aos US$ 65 bilhões do ano passado. E, pela primeira vez desde 2002, o investimento estrangeiro direto não será suficiente para cobrir o déficit em transações correntes do país.
A mudança da política monetária americana contribuiu para isso, porque deixa o câmbio instável. O investidor não sabe qual cotação colocar em suas contas e decide esperar, postergar o investimento.
Ele diz que a queda do IED está ligado a uma piora na percepção dos investidores sobre a segurança de investir no país.
Flávia Pierry O Globo
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