"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

agosto 28, 2013

GERENTONA 1,99 diz que país tem 'bala na agulha' para enfrentar câmbio

Srª. Presidente:
A presidente Dilma Rousseff disse nesta quarta-feira (28) que o Brasil tem "bala na agulha" para enfrentar a situação de variação cambial que afeta o real. Ela reafirmou que o câmbio é flutuante, mas que as intervenções no mercado feitas pelo Banco Central são para impedir que essas flutuações sejam "abruptas".

Por isso, segundo Dilma, o Brasil não tem uma meta de valor para a moeda brasileira em relação ao dólar.

Dilma deu entrevistas na manhã desta quarta-feira a duas emissoras de rádio de Belo Horizonte e disse que o que acontece atualmente com a variação do dólar diz respeito a uma situação provocada pelas ofertas da moeda feita pelos Estados Unidos.

"Nós temos o que se chama bala na agulha para encarar esse processo que ocorre internacionalmente, que independem das decisões de política econômica. Eles são frutos dessa globalização financeira que impera no mundo", disse ela.

Ela disse ser "óbvio" que isso tem algum impacto na economia do país, mas que o Brasil tem reservas de dólar para suportar essa variação.

"Nós estamos entre os cinco, seis países com maior volume de reservas do mundo. É como se a gente tivesse um colchão. Sabe aquela história de guardar dinheiro no colchão? A gente não guarda no colchão, mas o Brasil tem US$ 372 bilhões de reservas", afirmou.

É essa reserva que ela chama de "bala na agulha" para enfrentar a situação de mais dólares no mercado internacional, o que afeta também o Brasil.

"Nossa política é de dólar flexível. Nós não temos um dólar alvo. Você não fica defendendo uma posição, nós deixamos o dólar flutuar", disse.

"Nós entramos no mercado para atenuar essas flutuações, para não deixar que elas sejam abruptadas, para não deixar que elas criem processo de pânico. Enfim, a gente atua de forma a suavizar essas oscilações", completou a presidente.

De novo, ela repetiu que o governo não trabalha com meta de dólar e disse para desconfiar de quem disser o contrário: "Nós não temos meta de dólar. Se você perguntar para alguém e alguém responder que tem, você desconfia, porque ninguém tem condições de dizer isso".

A presidente voltou a pintar um cenário bom para a economia do país, com desemprego baixo e "muito boa situação fiscal".

Com relação ao crescimento do PIB, Dilma não citou possíveis números das previsões para o Brasil, mas disse que nos Estados Unidos a previsão é de 1,7% em 2013 e que a Europa ainda está em recessão, embora alguns países estejam saindo disso.

"Você tem um quadro internacional nas economias de muito baixo crescimento e de recessão. A própria China está passando por um período assim. Nós estamos em uma situação de manter o crescimento e de manter as conquistas também", disse ela, citando ainda o controle da inflação.

INTERVENÇÕES

O Banco Central anunciou na última quinta-feira (22) um plano para injetar até US$ 54,5 bilhões no mercado de câmbio até o final do ano. O objetivo é conter a escalada da moeda americana, que passou de R$ 2 no início do ano para R$ 2,45 na semana passada.

O plano do BC, que começou a valer na última sexta-feira (23), prevê a realização de leilões de swap cambial tradicionais --que equivalem à venda de dólares no mercado futuro-- de segunda a quinta-feira, com oferta de US$ 500 milhões em contratos por dia, até dezembro.

A autoridade monetária já tem feito esses leilões com frequência no mercado para tentar conter a alta da moeda americana. O anúncio do programa de prazo mais longo, porém, ajuda a dar previsibilidade aos investidores a respeito das intervenções.

Às sextas-feiras, o BC oferecerá US$ 1 bilhão por meio de linhas de crédito em dólar com compromisso de recompra --mecanismo que pode conter as cotações sem comprometer as reservas do país.

Apesar de ajudar a conter a alta do dólar, o plano do BC não impede que a moeda americana continue subindo, segundo especialistas.

Isso porque a perspectiva de que investimentos estrangeiros nos mercados emergentes deverão voltar aos Estados Unidos diante da melhora econômica naquele país vai continuar pressionando as moedas internacionais, que perdem valor diante do dólar.

No Brasil, há um agravante: o elevado deficit em conta corrente e a insatisfação com a política econômica do governo, que têm prejudicado o apetite dos estrangeiros por aplicações no país.

Às 11h41 (horário de Brasília), o dólar à vista --referência para as negociações no mercado financeiro-- caía 1,67% em relação ao real, cotado em R$ 2,355 na venda. No mesmo horário, o dólar comercial --utilizado no comércio exterior-- cedia 0,54%, também a R$ 2,355.

Colaborou ANDERSON FIGO, de São Paulo, e reportagem de Brasília
Folha

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