"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

julho 04, 2013

'Fundos abutres' já rondam a dívida da OGX

 
Analistas acreditam que a empresa não estará apta a cumprir todos os seus compromissos, mesmo se colocar à venda alguns de seus ativos ou exercer a opção de put, ou seja, houver uma injeção de capital de US$ 1 bilhão por Eike Batista, controlador da companhia.

Além dos bônus estarem sendo negociados em níveis de preço que embutem a possibilidade de reestruturação da dívida, a liquidez tem sido elevada nas pontas de compra e de venda, indicando a presença de fundos especializados em papéis que estão prestes a serem reestruturados, chamados no mercado de "fundos abutres".

"Normalmente esses fundos começam a comprar papéis para serem maioria em uma situação de reestruturação, que pode envolver processos judiciais", explicou a operadora sênior de dívida do Credit Agricole Securities, Juliana Moreira. Pelas cláusulas dos bônus, para ser maioria é preciso ter uma posição de 25% dos papéis.

Para muitos analistas, a incapacidade de gerar caixa somada aos vencimentos previstos deixam poucas alternativas para a empresa e o caminho da reestruturação da dívida é muito provável. "A questão é matemática, a conta não fecha", disse Juliana. A percepção é que a empresa, mesmo se contar com uma injeção imediata de capital, pode não gerar caixa suficiente a partir do próximo ano para honrar suas dívidas.

Viabilidade. 

O banco Barclays disse em nota a clientes que o anúncio feito pela OGX sobre a desistência de alguns de seus campos traz incertezas quanto a "viabilidade" da companhia no curto e no longo prazo e que o pagamento imediato de US$ 449 milhões para a OSX deixa a empresa com menos de um trimestre de caixa.

Para o Deutsche Bank, a reestruturação da dívida não deve ser descartada, ainda mais porque o exercício da put é desvantajosa para seu controlador.

Diante da forte depreciação das ações, Eike poderia perder o equivalente a R$ 2 bilhões caso exercesse, hoje, a promessa de subscrever novas ações ordinárias até o valor de US$ 1 bilhão.

"Falamos algumas vezes sobre o risco de que o valor dos ativos da OGX não fosse suficiente para cobrir a posição da dívida da empresa de quase US$ 4 bilhões. Agora, estamos mais seguros que este pode ser o caso", afirmou o analista do Deutsche Bank Marcus Sequeira, em relatório.

Nessa conta estão, além dos dois bônus externos, dívidas. contraídas por meio de emissão de debêntures ecrédito contratado com instiI tuição financeira estrangeira.

Também em documento a clientes, o JPMorgan estimou que a OGX necessita de uma injeção mínima de capital de US$700 milhões para garantir a operação até meados de 2014. No entanto, o banco disse que essa injeção pode dar um fôlego para a empresa no curto prazo, mas não cobre o vencimento dos bônus de US$ 2,6 bilhões em 2018.

Cyntia Decloedt Fernanda Guimarães O Estado de S. Paulo

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