"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

julho 02, 2013

brasil DA MAIS "PREPARADA" : Inflação freia produção de alimentos, diz IBGE



A disparada da inflação já causa estragos na produção de alguns setores da indústria sobretudo o de alimentos.

De abril para maio, o ramo registrou queda de 4,4%, a de maior impacto no índice geral da indústria, segundo o IBGE. Para André Macedo, economista do IBGE, os preços "tiveram alta considerável" e já inibem o consumo de itens de alimentação.

O custo de vida maior também reduz a chamada renda disponível das famílias, que têm de gastar mais para comprar a mesma cesta habitual de consumo. Desse modo, sobra menos dinheiro para outros gastos. 
Um sinal claro do impacto da inflação sobre a indústria é o comportamento da categoria de bens semi e não duráveis, que inclui alimentos, bebidas, remédios e vestuário.

Esse grupo de produtos registrou queda de 1% no acumulado de janeiro a maio. Foi a única categoria na qual a indústria alimentícia é a de maior peso a apresentar uma taxa negativa nessa base de comparação.

Macedo diz ainda que o ramo de bebidas também sofreu com preços maiores. Embora tenha sido um dos poucos com expansão de abril para maio (4,8%), o setor vem de sucessivas quedas em razão do custo mais elevado de seus produtos. Na comparação com março, o recuo havia sido de 5,9%.

Com a queda dos alimentos (setor que concentra uma gama muito grande de produtos) e a perda em 20 dos 27 setores pesquisados, a fabricação de apenas 45,6% dos produtos da indústria geral pesquisados pelo IBGE tiveram expansão. Foi o pior desempenho desde dezembro de 2008.

O varejo já havia sentido a força da inflação e seu desempenho neste ano foi afetado pela retração das vendas de supermercados --que vendem principalmente produtos desses dois segmentos industriais.

Com o consumo contrário diante dos preços mais altos, o comércio encomendou menos à indústria, que já sente os reflexos da inflação em alta. Com a redução do desconto do IPI reduzido para móveis e itens da linha branca, diz Macedo, é possível que a demanda por esse bens também recue e rebata na produção industrial nos próximos meses.

INVESTIMENTOS

Apesar da inflação maior e sua contribuição para frear o consumo, dos juros em alta e da confiança dos empresários abalada, o economista do IBGE não vê na queda da fabricação de bens de capital (máquinas e equipamentos) uma desaceleração do investimento.

A categoria registrou perda de 3,5% de abril para maio, a maior dentre as quatro pesquisadas. O "saldo" do crescimento dos meses anteriores, diz, "ainda é amplamente positivo". Com o crescimento de janeiro a abril, os bens de capital acumulam crescimento de 15,3%.

Segundo Macedo, o recuo em maio foi concentrado na produção de caminhões, que caiu por uma questão de ajustes de estoques. PERSPECTIVAS Para a LCA, a queda da indústria não pode ser lida como o fim de um processo de retomada, que se mostra "gradual e irregular".
 "A produção industrial devolveu em maio o forte avanço do mês anterior, interrompendo dois meses consecutivos de crescimento.
De forma geral, é possível afirmar que o quadro de recuperação irregular e gradual da produção industrial persiste, expectativa reforçada pelos recentes sinais de crescimento mais contido da economia e comércio mundial e o aumento das incertezas no cenário doméstico, com a escalada de manifestações sociais em todo o país."

A consultoria diz que os "os indicadores de expectativas apontam para uma produção industrial levemente positiva nos próximos meses." Um fator que pode ajudar, afirma, é a retomada da produção de petróleo da Petrobras no segundo semestre.

A estimativa preliminar da instituição aponta para uma alta de 2% na indústria em junho. Para o Bradesco, a queda da produção industrial em maio "reforça expectativa de crescimento de 0,9% do PIB no segundo trimestre" um pouco melhor do que o 0,6% do primeiro trimestre.

"O desempenho da produção industrial surpreendeu de forma negativa em maio, especialmente por conta da retração da produção de bens intermediários [afetados por importados] e de consumo duráveis", diz o banco. 


Folha/Pedro Soares Rio

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