"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

abril 15, 2013

Sua Excelência, o tomate!


Ao contrapor a realidade como limite ao excesso de idealização, o deputado Ulysses Guimarães dizia a interlocutores “sonháticos” que na política manda “Sua Excelencia, o fato”, agora representado pelo tomate inflacionário, vilão que trouxe para as ruas a preocupação econômica até então circunscrita aos especialistas.

O fato impõe sério revés à estratégia do Planalto de manter no âmbito técnico o debate sobre a economia e põe em xeque o diagnóstico precoce de que sua fase negativa não afetaria o bolso do eleitor a tempo de influir na campanha presidencial de 2014.

Mais cedo ainda do que supunham mesmo os mais pessimistas, as imagens de consumidores revoltados em supermercados ganharam espaço nos telejornais exibidos no horário nobre, o tomate virou piada nacional nas redes sociais, e os candidatos de oposição a presidente Dilma Rousseff ganharam a munição eficiente para difundir a dúvida sobre sua capacidade gestora.

“Sua Excelência, o tomate”, é o figurino recente da "Velha senhora”, a inflação, dada como a única ameaça à reeleição da presidente se, em médio prazo, não for contida.

Para enfrentá-la, aumentam-se os juros o que, por sua vez, encarece investimentos e põe um freio na anestesia do consumo, ópio do eleitorado.

O governo, que receia mais do que demonstra, prepara-se para essas providências, cuja protelação pretendia estender, dispondo-se a pagar o preço após a reeleição da presidente Dilma.

Mas a conta chegou mais cedo, combinando inflação e falta de investimentos e exibindo a insuficiência das desonerações em série como antídoto eficaz.

João Bosco Rabello O Estado de S. Paulo

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